A mortalidade por doenças coronarianas em mulheres é apenas um indicador de impacto em suas vidas. A incapacidade de retorno ao trabalho, gerando ansiedade, depressão, além de um receio de que um novo episódio de infarto do miocárdio ou derrame cerebral possa vir a tornar impossível um retorno às tarefas habituais e a conseqüente queda na qualidade de vida. Aliás, países de todo o mundo, vem pagando um preço elevado pelo crescimento desses problemas de saúde, seja na assistência médica ou na perda da produtividade, elevando os custos na assistência médica e previdência, além daqueles relacionados com os fatores sociais.
A alta prevalência dos fatores de risco entre os jovens e pessoas de media idade, combinados com o envelhecimento populacional, sinaliza para o estabelecimento de medidas efetivas de prevenção e controle das doenças do coração, como uma questão prioritária em saúde pública.
A doença coronária (DC) e o AVC (acidente vascular cerebral) diferem de várias maneiras entre homens e mulheres. A DC afeta as mulheres, aproximadamente 10 anos após os homens, possivelmente pelo efeito protetor dos hormônios estrogênicos, antes do início da menopausa. A mortalidade por AVC é maior entre as mulheres, particularmente na terceira idade. Por outro lado, as mulheres, de um modo geral, apresentam uma possibilidade maior de vir a falecer após um episódio de infarto do miocárdio e as sobreviventes têm uma tendência maior a sofrer um reinfarto, desenvolver insuficiência cardíaca ou morte súbita.
Os fatores de risco podem afetar as mulheres diferentemente do que nos homens. Por exemplo, o diabetes colabora com um risco maior de incidência tais enfermidades no sexo feminino, em relação ao sexo masculino. Outros fatores são próprios das mulheres, como o uso de anticoncepcionais, particularmente para os casos de AVC, diabetes da gestação, hipertensão arterial, disfunção tireoidiana, entre outros. A fibrilação atrial, uma arritmia cardíaca, quando presente é um importante risco para o AVC, especialmente em mulheres idosas.
Ainda que no passado, o tabagismo fosse um risco menor para as mulheres, hoje é similar ao dos homens nos países desenvolvidos.
Com relação ao diagnóstico, existe também uma dificuldade em se identificar uma dor cardíaca não coronária, mas freqüentes entre as mulheres, daquela que indica a presença da dor coronária, representada pela angina do peito. As mulheres têm artérias coronárias menores e mais estreitas, que são mais vaso reativas do que nos homens – fatores que influenciam o impacto da medicação vasodilatadora. Outra controvérsia é o uso da reposição hormonal com estrógenos, após a menopausa.
Os homens apresentam menor incidência de AVC do que as mulheres e elas sobrevivem mais aos episódios agudos. Por isso, devido à sua maior expectativa de vida, carecem de ações sociais e programas de apoio.