Doença séria, tratamento simples

Os aneurismas cerebrais são dilatações arredondadas ou de toda uma artéria cerebral devido a uma predisposição do paciente. A importância do diagnóstico de um aneurisma baseia-se no sintoma mais freqüente e grave, um tipo específico de hemorragia cerebral manifestada no paciente como uma crise de dor de cabeça extremamente intensa que pode ser associada a náuseas, vômitos, crises convulsivas, perda de consciência e até o coma.

Para se ter uma idéia do risco de rotura (nome dado à ruptura do aneurisma) que um paciente apresenta, sendo portador de aneurisma cerebral, é necessário realizar uma análise nos estudos já feitos de uma grande amostra de pacientes com aneurisma roto, ou que se rompeu. As estatísticas apontam que um aneurisma cerebral apresenta, em média, de 1% a 2% de risco de ruptura ao ano, sendo que esse valor é cumulativo, ou seja, em 10 anos o paciente com aneurisma cerebral apresenta 20% de risco de rotura e após 15 anos o índice passa a ser de 35%. Esses valores sobem um pouco quando o aneurisma apresenta algumas características, como sendo maior que 7mm ou quando apresenta lobulações, que são dilatações arredondadas no próprio aneurisma. A presença de mais de um aneurisma também aumenta as chances de ocorrer um rompimento.

O aneurisma cerebral é considerado uma doença muito complexa devido à alta taxa de mortalidade implicada quando se rompe, ao grau elevado de seqüelas neurológicas após uma hemorragia e pelo desafio que sempre ofereceu aos médicos envolvidos no seu tratamento. Pesquisas indicam que 60% dos pacientes com aneurismas cerebrais que apresentam uma hemorragia morrem e, dos 40% que sobrevivem, 20% ficam com seqüelas neurológicas, por isso a necessidade de se estabelecer um tratamento imediato. Em relação à idade o pico de ocorrência dos episódios acontece dos 40 aos 60 anos, em média.

Nas últimas décadas houve uma revolução significativa na maneira de tratar um aneurisma cerebral. Até, então, o único tratamento disponível era a cirurgia convencional, ou seja, era necessário abrir o crânio do paciente. O advento da neurorradiologia intervencionista, uma área da hemodinâmica, mudou esse quadro. Hoje, a mais moderna técnica reside na colocação de um “microcateter”, similar a um pequeno tubo, que é introduzido na artéria femural pela virilha e, através dele, são colocadas molas de platina no aneurisma para preenchê-lo, excluindo o aneurisma da circulação e evitando o risco de ruptura – em termos médicos esse procedimento é chamado de “embolização”.

A embolização é uma forma de evitar a cirurgia, que durava em torno de seis a oito horas na mesa de cirurgia. Com a nova técnica, esse procedimento demora, em média, duas horas, com o paciente tendo alta em apenas dois dias. A anestesia para o procedimento pode ser local ou geral, dependendo do caso. A técnica oferece riscos mais baixos de complicações em relação ao tratamento cirúrgico por se tratar de um método menos invasivo, mais rápido e de menor tempo de internamento. Resultados, esses, obtidos devido ao aprimoramento das técnicas de microcateterismo cerebral e do grande avanço tecnológico dos materiais para embolização.

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