A doação de sangue é um ato humanitário, voluntário e altruísta que salva muitas vidas. É importante que pessoas saudáveis desenvolvam o hábito de doar regularmente, pois a ciência ainda não descobriu um substituto artificial eficiente para o sangue humano. Diversas situações de emergência e procedimentos médicos demandam um fornecimento regular e seguro do sangue e derivados. É comum vermos em datas festivas, como o carnaval e feriados prolongados, os diretores de hemocentros fazendo apelos dramáticos nos meios de comunicação em busca de doadores. Durante essas ocasiões aumentam as necessidades de hemoderivados e diminuem as doações.
A necessidade de sangue no Brasil é calculada em 5.500 bolsas/dia. Isso representa 165 mil doações/mês e 2 milhões/ano. O percentual de doadores em nossa população é em torno de 0,8%. O ideal seria que 2% a 3% da população adotasse o hábito de doar sangue periodicamente para que houvesse um suprimento de sangue adequado. O percentual de doadores é um bom indicador do grau de solidariedade de uma comunidade.
Doar sangue é um processo seguro e praticamente indolor. Quem doa uma vez não é obrigado a doar sempre. Não engrossa e nem afina o sangue. Todas as pessoas saudáveis com idade entre 18 e 65 anos e peso acima de 50 quilos, podem ser doadores. Os homens podem doar quatro vezes por ano e as mulheres três vezes. A seleção do doador é feita mediante uma triagem técnica na qual é feita a identificação do doador, realizada a pesagem, os exames de hemoglobina e hematócrito, aferida a pressão arterial e preenchido um questionário com perguntas sobre o estado de saúde atual e sobre doenças anteriores. Em seguida, o doador passa por uma avaliação médica para verificar seu estado de saúde e condições plenas para o ato de doação. O doador é, ainda, submetido a um questionário de auto-exclusão voluntária, onde ele, avaliando sua condição e comportamento de risco, pode se auto-excluir sem nenhum constrangimento. Todas as informações prestadas são confidenciais.
Em cada doação são coletados cerca de 450 ml de sangue na bolsa e mais cerca de 30 ml de sangue em tubos de amostras para realização dos exames de tipagem sanguínea ABO, fator Rh, pesquisa de anticorpos eritrocitárias irregulares e testes sorológicos para hepatite B, hepatite C, doença de Chagas, sífilis, HIV e HTLV1/2 e malária (apenas nas regiões endêmicas).
Todo o material utilizado na doação deve ser estéril, descartável e de uso único. Os resultados dos exames de triagem são posteriormente enviados ao doador. É importante ressaltar que não se deve realizar uma doação com o objetivo de obter um exame para diagnóstico de aids ou de qualquer outra doença infecciosa. Nesses casos, deve-se procurar um serviço de saúde ou um centro de testagem anônima.
O sangue coletado, após sua liberação, é rotineiramente fracionado em três hemocomponentes: concentrado de hemácias, concentrado de plaquetas e plasma. Esse processo multiplica os benefícios da doação. Após a doação, o doador deve receber um atestado que comprove o ato e um lanche. Nossa legislação concede um dia de dispensa ao trabalho ao doador de sangue.