A qualidade de medicina oferecida aos pacientes brasileiros deve ser o principal tema a ser debatido no dia do médico, comemorado em 18 de outubro. Quem está satisfeito com a medicina oferecida atualmente em nosso País? Para entender melhor o que acontece no Brasil nesta área é preciso avaliar o quadro atual. Dos 195 milhões de brasileiros, mais de 150 milhões são atendidos pelo SUS. Os que têm planos ou seguros de saúde representam 45 milhões de pessoas, sendo uma parte considerável usuários de planos de empresas. Só uma ínfima parcela da população tem condições de pagar pelos serviços particulares.
Os planos de saúde são considerados por muitos pacientes como complemento deficiente. Os problemas são praticamente os mesmos: demora em agendar consultas, veto a exames e procedimentos, dificuldades para dar sequência a tratamentos e cirurgias.
Em relação ao acesso às novas tecnologias e medicamentos de ponta, a situação é a mesma para pacientes públicos e privados. A Justiça é ainda “alternativa” para os que conseguem em mandados de segurança que gestores privados e públicos cumpram suas obrigações. É a chamada judicialização da medicina.
Assim como o paciente, o médico também está insatisfeito e luta para melhorar a qualidade da medicina oferecida no País. A valorização da vida do paciente passa pela valorização do trabalho dos profissionais da área. Os problemas a serem sanados são muitos. Começam já no curso de graduação. Oferecer medicina de qualidade significa melhorar as condições de trabalho e políticas salariais. O boom econômico vivido pelos brasileiros ainda não chegou a nossa categoria. A maioria que trabalha para as operadoras e planos de saúde recebe baixos honorários. O valor de uma consulta em média não passa de R$ 27,00. O mesmo problema ocorre com os prestadores de serviços que recebem alguns reais por exames clínicos e nem sempre conseguem cobrir seus custos.
No serviço público, além da falta de equipamentos e de infraestrutura para trabalhar, os médicos recebem salários vis. E não há plano de carreira, cargos e salários. Para fazer frente as suas necessidades, uma parcela significativa ainda corre de um emprego para outro sofrendo de estresse crônico, o que acaba comprometendo a qualidade do seu trabalho e é causa frequente de vulnerabilidade nas ações.
A saúde sempre é lembrada como temas de campanhas em ano de eleição, mas, assim como a educação e a segurança, acabam não sendo contempladas nas políticas públicas e passam para segundo plano já no dia da posse dos novos gestores. Oferecer acesso à saúde para todos é um dever do Estado. A realidade, no entanto, é outra: alguns governos oferecem o mínimo, enquanto outros preferem terceirizar suas responsabilidades.
Há o que comemorar no próximo dia 18 de outubro, dia do médico. Entretanto, teremos maiores motivos para comemorações no dia em que o paciente puder comemorar conosco a qualidade da medicina que todos queremos e que seja digna de uma economia pujante como a que o Brasil está vivendo.