Cada vez mais penso em como é importante fazer a distinção entre o juízo que cada um de nós faz acerca de si mesmo – e que corresponde à auto-estima – e o que as pessoas pensam da gente – avaliação externa que, quando positiva, alimenta nossa vaidade.
A confusão costuma tomar conta até mesmo dos profissionais de Psicologia, que usam expressões vagas do tipo “isto fez muito bem para o ego”. Apesar de serem tratadas como sinônimos, penso que estamos diante de duas condições completamente diferentes, ambas agradáveis, sendo uma essencial e a outra supérflua.
Não desprezo o peso da vaidade, prazer erótico de se destacar e de provocar a admiração e o desejo das pessoas em geral. Pode acontecer, com alguma freqüência, que vaidade e auto-estima não coincidam. Por exemplo: posso ter sucesso com um trabalho que eu mesmo não aprecie tanto.
No caso acima, a vaidade está alimentada, e a auto-estima, não. Posso ser disciplinado e tratar todas as minhas tarefas com seriedade e isso fazer bem à minha auto-estima sem que ninguém saiba de nada, de modo que a vaidade não estará sendo alimentada.
O mais importante é cuidar da auto-estima, de como avaliamos nosso modo de ser. É com nós mesmos que teremos de conviver até o fim dos dias. As pessoas são volúveis e hoje valorizam coisas que amanhã serão irrelevantes. A vaidade é muito gratificante, mas é perigosa, uma vez que corresponde a um sopro, a uma bolha de sabão. É prazer momentâneo, ao passo que a auto-estima pode ser duradoura.
Texto retirado da obra Superdicas para viver bem e ser mais feliz, de Flávio Gikovate, Saraiva, São Paulo, 2006.