Comportamento magro

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil é o país onde mais se consome remédios para emagrecer. Baseada em dados recentes da Anvisa, a OMS comprovou que até julho deste ano, somente nas farmácias de manipulação brasileiras, foram comercializadas 170 milhões de cápsulas de remédios para emagrecer. A busca alucinada pelo padrão estético “vigente” faz com que muitas pessoas cometam excessos e comprometam a própria saúde, sempre tentando encontrar uma fórmula mágica para perder, rapidamente, quilinhos indesejáveis.

Apesar da temática obesidade e sobrepeso serem muito divulgados hoje, poucas pessoas sabem que a alimentação saudável esbarra também em questões comportamentais e emocionais. Muitas pessoas comem de forma errada, se alimentam por motivos alheios à função de nutrir o corpo. Isso significa atribuir à comida funções que não podem ser supridas por ela, como aplacar desconfortos, solidão, tristeza, ansiedade e ociosidade. Se junta a isso o fato das pessoas não saberem estabelecer o que, quanto e quando comer, ou seja, não saber escolher os alimentos, não ter rotina alimentar, não saber mastigar e saborear os alimentos. Por isso, o primeiro passo para o emagrecimento saudável está relacionado à mudança de pensamento e comportamento em relação à comida, alterando diretamente a forma de se relacionar com a alimentação.

Para emagrecer e manter-se magro é preciso desenvolver comportamentos magros. Em outras coisas, saber quando, quanto e o que comer, aprender a distinguir fome fisiológica de fome específica e psicológica e assumir a responsabilidade pelo seu processo de emagrecimento. Além disso, é fundamental ter objetivos claros e significativos que valham a pena adiar o prazer imediato proporcionado pela comida em prol de objetivos mais importantes.

Com a psicologia do emagrecimento, a pessoa que tem dificuldades em relação à alimentação é ajudada a compreender o porquê se comporta de tal maneira diante da comida. Assim, aprende que é necessário desenvolver comportamentos que corroborem com seus objetivos, sejam eles emagrecer, manter-se magro ou ter hábitos alimentares saudáveis.

Manter-se magro, aliás, é um grande obstáculo enfrentado pelas pessoas que sofrem com o excesso de peso. Um dos motivos é que muitas vezes, a pessoa continua se comportando ou pensando gordo, comendo o que sente em vez de falar o que pensa.

Para superar a barreira da mudança de hábitos foi criado, há dez anos, o programa de reeducação afeto-cognitivo do comportamento alimentar (Rafcal). Durante o programa são conhecidos os motivos que atrapalham o processo de emagrecimento, sendo essa tomada de consciência da situação atual a base para o desenvolvimento de comportamentos e pensamentos magros adequados à realidade da pessoa. O trabalho se dá em parceria com outros profissionais da saúde, como nutricionista, endocrinologista e nutrólogo, visando promover o melhor suporte para o emagrecimento.