Como agir diante do efeito platô, o vilão das dietas

Dá-se o nome de efeito platô à estabilização do peso após um período de dieta e isto significa uma adaptação do organismo à restrição de calorias. Este termo refere-se exatamente ao fato que a perda de peso, que vinha progredindo, dá uma parada e, se isto fosse representado em um gráfico, veríamos que a linha que vinha descendo (fase de perda de peso), passa a ficar quase horizontal, ou seja, faz um platô.

O desenvolvimento humano nos ajuda a entender essa reação do organismo: ao longo do tempo houve grandes períodos de falta de alimentos. Nesta época, o ser humano não teria sobrevivido caso não tivesse mecanismos para armazenar energia, sob a forma de gordura, nos defendendo assim de definhar até a morte por falta de comida.

Por esse motivo, toda vez que a oferta de alimento está diminuída, como ocorre quando se faz uma dieta, chega um ponto em que a pessoa para de perder peso, atingindo um ponto de equilíbrio em que não é gasta mais energia do que a que é ingerida. O tempo em que isso ocorre é variável e depende de inúmeros fatores, mas é comum ocorrer pela primeira vez após cerca de três meses de dieta (a pessoa pode apresentar mais de um período de platô).

Mudanças corporais e hormonais também participam dessa estabilização do peso, sempre na tentativa de poupar o organismo da privação de alimentos. Por exemplo, a leptina é um hormônio produzido pelo tecido adiposo (gorduroso) que atua na regulação do peso agindo tanto na ingestão de alimentos quanto no metabolismo celular. Assim, uma das suas funções é fazer o cérebro entender a sensação de saciedade. Isto quer dizer que, após a ingestão de alimentos, a produção de leptina faz o organismo entender que foi alimentado e que a pessoa não precisa comer mais. Se este hormônio não age adequadamente, o organismo não tem a percepção adequada de saciedade. Com a diminuição do tecido adiposo decorrente da própria dieta, a produção de leptina diminui, até que, em certo ponto, é insuficiente para produzir a sensação de saciedade, fazendo com que haja pequenos “escapes” e a pessoa fuja da dieta.

Diante do efeito platô, a primeira e mais importante ação é persistir na dieta. Com o tempo o organismo volta a trabalhar com os níveis hormonais mais baixos, reiniciando um ciclo de emagrecimento. Outro ponto importante é manter a atividade física, às vezes com pequenas mudanças nos exercícios realizados, visando à manutenção da massa muscular, extremamente importante para o gasto de calorias.

O diário alimentar, assim como de atividade física, pode ser um grande aliado, pois, uma vez que é comum observarmos que quem está comendo além do necessário, geralmente não nota isso. Por meio do diário toma-se consciência dos resvalos cometidos em relação ao programa estabelecido com seu médico. Da mesma forma, esse diário pode mostrar ao seu médico quais os pontos de maior dificuldade em serem seguidos, assim como os horários em que a pessoa tende a comer mais, auxiliando-o na revisão constante do tratamento.