“Se persistirem os sintomas o médico deverá ser consultado”. Esta é a frase que aparece na TV logo após a propaganda de medicamentos que só beneficia um lado: o da indústria farmacêutica. O malefício é maior para a população, que é estimulada à automedicação, ou seja, pratica de ingerir medicamentos por conta própria sem a receita médica.
Este hábito é incentivado pelos meios de comunicação, TV, revistas, jornais e outdoors, além de familiares, vizinho, um amigo viciado em remédios, pelo balconista da drogaria ou farmacêutico. Sem contar que, desde 1976, existem no Brasil elementos legais suficientes para regular e fiscalizar a propaganda de medicamentos.
Só assim não precisaríamos estar aqui discutindo essa questão. Já que é permitida, a citação que deveria vigorar seria a primeira que serve de titulo ao nosso artigo. A segunda surgiu, na tentativa de minimizar os danos que já vinham acontecendo na sociedade com a lucrativa propaganda livre e irresponsável de medicamentos. Constantemente vemos alguém indicando remédio para outra pessoa, porque se deu bem, como se todos fossemos iguais.
As reações a tudo na vida são individuais, é a chamada idiossincrasia. Até mesmo nós médicos podemos alimentá-la. Se alguém nos pergunta por telefone ou durante um encontro ocasional: “Doutor, posso tomar tal remédio?”. Respondermos que sim, quase sempre sem o conhecimento do estado de saúde do paciente, particularmente da sua função hepática, renal, gastrintestinal e hematológica. Podemos estar iniciando um processo mórbido, doloroso até mesmo fatal nesta pessoa.
E se ela estiver tomando outros medicamentos? Pior ainda, porque poderemos desencadear uma terrível interação medicamentosa. Até mesmo no nosso próprio consultório temos o dever de estar ciente dessas funções e fazer uma relação dos fármacos que porventura nosso paciente está usando a fim de prevenir uma possível complicação.
Uma das formas de evitar ou pelo menos reduzir essa mania de proceder, seria realizando uma boa gestão publica e privada voltada principalmente para a educação da população, para o ensino e melhoria das condições de trabalho dos médicos. Com relação à educação da população, mostrar os riscos da automedicação.
O ensino tem que ser mais humanizado e profissionalizado nas escolas de Medicina, para que os futuros médicos exerçam a profissão com mais responsabilidade quanto à prescrição de fármacos. Só assim poderíamos repetir em alto e bom som e com toda a segurança: antes de tomar um remédio consulte um medico.