Gilberto Pascolat, pediatra do Hospital Universitário Evangélico de Curitiba e diretor da Sociedade Paranaense de Pediatria. |
O leite materno é capaz de nutrir adequadamente as crianças nos primeiros seis meses de vida; porém a partir deste momento deve ser complementado. A adequação nutricional dos alimentos a serem oferecidos a partir deste momento é fundamental para prevenir a ocorrência de uma série de situações que podem ocorrer para as crianças, destacando-se a desnutrição e o sobrepeso. A introdução da alimentação complementar é uma fase de risco para a ocorrência de doenças diarréicas e desnutrição, tanto pela inadequação nutricional dos alimentos, como pela contaminação na preparação destes.
Somente a partir dos seis meses de idade é que as necessidades nutricionais do lactente não podem ser supridas apenas pelo leite humano. Também a partir desta idade a criança atinge um estágio de desenvolvimento que a habilita a receber outros alimentos.
A introdução precoce dos alimentos complementares interfere na amamentação ao seio, é uma importante fonte de contaminação e pode interferir na absorção de nutrientes importantes existentes no leite materno. O aleitamento materno reduz o risco de doenças alérgicas e asma e também protege contra o aparecimento do diabetes, que está relacionado com a exposição precoce ao leite de vaca (antes dos 4 meses). Não se recomenda a introdução do leite de vaca antes dos doze meses de idade. Na impossibilidade do aleitamento materno, deve-se utilizar uma fórmula infantil de partida ou de segmento que satisfaça as necessidades do lactente.
Gradualmente a partir do sexto mês devem ser introduzidos os alimentos complementares; crianças amamentadas costumam aceitar mais facilmente novos alimentos, pois por intermédio do leite materno a criança é exposta a diversos sabores e aromas, que variam de acordo com a dieta da mãe. No início da alimentação complementar os alimentos devem ser preparados exclusivamente para a criança, sob a forma de purê, com densidade energética adequada. Dá-se preferência às misturas com um tubérculo ou cereal associado à leguminosa, óleo vegetal, proteína animal e hortaliça ou vegetal. Não se deve oferecer leite de vaca não modificado a menores de um ano, porque o seu uso está associado a perda sangüínea pelas fezes e deficiência de ferros e outros nutrientes. A partir dos oito meses a criança pode receber os alimentos consumidos pela família, desde que amassados, picados ou cortados em pedaços pequenos. Aos 12 meses a maioria já está aceitando o mesmo tipo de alimento consumido pela família, desde que com densidade energética e consistência adequadas.