A força latente do cooperativismo

Nos dias turbulentos de hoje, ao analisarmos o passado, buscamos fontes de correção e ensinamentos para o presente e para o planejamento lógico e racional do futuro. Nossas ações de hoje moldam e estruturam o amanhã. Só que falta a lição maior: inserir de forma definitiva o cooperativismo como alternativa comprovada de um ideário promotor consagrado de desenvolvimento sustentado, quer econômico, quer social. Existem números e fatos que não permitem tergiversações ou dúvidas. Num mundo inteiro, de um PIB total de US$ 32 trilhões, 23% decorrem desse veículo de progresso social solidário, expresso na mágica da cooperação e, além, 40% da população deste picadeiro, chamado de planeta Terra, direta ou indiretamente, está envolvido ou dependente da cooperação, o que soma quase 3 bilhões de pessoas.

Em visão panorâmica por vários países do mundo, vemos que as cooperativas respondem por 20% do mercado de fármacos na Bélgica; 74% dos alimentos na Finlândia; 99% do leite e derivados na Noruega; 66% do trigo nacional no Uruguai; 43% de soja, 38% de algodão, 39% do leite e 72% do trigo, no Brasil, onde são gerados cerca de um milhão de empregos diretos e indiretos e é movimentado 6% do PIB tupiniquim, por meio de aproximadamente 7,5 mil cooperativas dos 13 ramos de atividades.

Muito mais poderia ser feito, bastando para tal que olvidassem eles da extorsão tributária persistente e prevalente e concedessem estímulos à geração e construção de um país cooperativista, verdadeiramente. Jamais, em nenhum lugar do mundo, se verá um povo tão predisposto, se efetivamente orientado e conscientizado, a carregar a bandeira promissora e portadora de progresso social e econômico, representada pela cooperação. Falta, e é inquietante num país que carece de equilíbrio social, juntar movimentos esparsos e pontuais de posturas governamentais isoladas, que fomentem e incentivem a economia solidária, em um só corpo, para agigantar e conseguir um novo modelo de crescimento sólido, responsável e socialmente justo e igualitário. As cooperativas de todos os ramos esperam o tocar das trombetas para se por de pé e à ordem, nesse desafio e se não o fizerem, nós todos o faremos.

Há segmentos, como o da saúde, de há muito com um perfil qualificado e capilaridade extensiva, ocupando de cerca de 80% do território nacional, praticando com excelência ações que nada ficam a dever àquelas de qualquer outro país do mundo, em comparação. Desoneram as burras do governo pelo trabalho sério, amadurecido em 40 anos ininterruptos, e também encurtam as filas da medicina pública capenga, com resolutividade exitosa. Não há reconhecimento nem chamamento para parcerias. Porque não estabelecermos parcerias público-privadas valendo-nos da capilaridade que é o nosso principal diferencial competitivo? Qual a lógica desse comportamento governamental, e como entendê-lo, senão a luz do desconhecimento e da ignorância da força latente e subutilizada de que o cooperativismo é portador.