A epidemia do século

A depressão é uma das condições mais freqüentes na vida adulta e no envelhecimento afetando de maneira devastadora a qualidade de vida. Pacientes quando, convenientemente tratados, respondem surpreendentemente bem, chegando à remissão completa dos sintomas.

Pessoas idosas costumam apresentar mudanças de humor em função de uma série de condições, entre elas, perdas de parentes e de amigos, do cônjuge, em função de limitações sociais e/ou físicas determinadas por doenças, etc. Não raro o fator econômico também causa sintomas depressivos.

Quando os sintomas depressivos persistem e atingem um nível que acaba por produzir importante perda de qualidade de vida estamos frente a uma doença que precisa ser devidamente diagnosticada e tratada.
A forma de manifestação da depressão é variável. Algumas pessoas perdem a vontade de continuar a viver e expressam esse sentimento por repetidas vezes. Outros se sentem um peso para os filhos e acabam escondendo seus sentimentos dos familiares, é a chamada “depressão mascarada”.

Pacientes depressivos costumam somatizar sentimentos e se queixam de várias coisas ao mesmo tempo. Apresentam dores generalizadas, sintomas de desconforto digestivo, desânimo, se cansam com facilidade, as pernas ficam pesadas, têm dificuldades para conciliar o sono, referem alteração do peso e de uma série de outros sintomas.

Em outros a apatia é a marca registrada. Deixam de freqüentar reuniões sociais, abandonam seus passatempos favoritos, não se importam com seus cuidados pessoais. Tudo parece estar andando devagar, o tempo passando, a vida perdeu o colorido.

Infelizmente ainda, existe o mito que depressão é um desvio de personalidade. Que a pessoa não tem firmeza de caráter. Essa é uma mentira que traz efeitos extremamente nocivos e faz com que muitas pessoas deprimidas não sejam devidamente tratadas e acabem isoladas em seus cantos.

Certas drogas acabam por produzir estados depressivos e devem merecer a atenção dos médicos. Algumas doenças, freqüentemente, são acompanhadas de depressão, como o parkinsonismo e, nas fases iniciais, a doença de Alzheimer.

Pessoas idosas com dificuldade de acesso a serviços médicos de qualidade acabam usando a bebida alcoólica como “medicação”. O risco de suicídio existe e é maior em homens que moram sozinhos. Esses pacientes perambulam pelos consultórios médicos e não conseguem alívio para o seu desconforto, pois esse é um diagnóstico difícil.

Costumo dizer que todo médico deveria ter a felicidade de, pelo menos uma vez em sua carreira, ter a oportunidade de tratar de um idoso deprimido. O resultado do tratamento é extremamente eficaz e a alegria recobrada pelo paciente é marcante na vida profissional do médico.

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