Dicas para se falar e escrever bem o português

Albino de Brito Freire e Leopoldo Scherner (in memoriam)

 

Educar não é cortar as asas:

é orientar para o vôo.”
                          Autor desconhecido

1. a) Tráfego é transporte; trânsito.
    b) Tráfico é comércio; negócio.
    Narcotráfico é o comércio ilícito de drogas.

2. a) Desnudar = pôr nu, despir.
    b) Desmentir = desfazer a mentira.
    Observe que, no primeiro caso, o prefixo “des-” tem sentido positivo. Já no segundo, o prefixo “des-” tem sentido negativo.

3.  a) Faz três dias que não vejo você.
      b) Há três dias que não vejo você.
      Ambas as formas são corretas. Jamais diga: “Fazem três di-as…”

4. a) Mesinha = mesa pequena.
    b) Mezinha = remédio (do português arcaico).
    Mesinha (com “s”) vem do latim “mensa” (> mesa). Mezinha (com “z”) vem do latim “medicina”. É sabido que o “c”, antes de “e” e do “i”,    na evolução do latim para o português, transforma-se em “z”. Assim, temos: medicina > meizinha > mezinha.

5. “Se você vir meu irmão, diga-lhe que preciso falar com ele.”  
    Lembre-se que o futuro do subjuntivo do verbo “ver” é “vir” (quando eu “vir”…) e não “ver” (quando eu “ver”…). A propósito, não diga: “… que preciso falar consigo”. Se bem que, em Portu-gal, usa-se esta última forma.

6. A profetisa profetiza.
    Observe o uso do “s” e do “z”. Os substantivos femininos de-rivados de masculinos escrevem-se com “s”: poeta, poetisa; duque, duquesa. O sufixo “-izar” é escrito com “z”: americano, americanizar; humano, humanizar.
Atenção!  “A Baroneza” (com “z”), nome de um bar, justifica-se por uma espécie de licença publicitária.
 
7. a) Palestrar = fazer palestra
    b) Palestrear = o mesmo que palestrar.
    c) Palestrita  =  (isso mesmo, sem “s” depois do “i”) frequentador de palestras.
    d) Palestrante = que faz palestra.
    e) Palestrador = o mesmo que palestrante.

8. Medicamentos anódinos são aqueles que mitigam ou fazem cessar a dor.

9. “A boda de Ciccarelli foi um fiasco.”
     Algum problema aí? Sim, porque “bodas” só se usa no plural: “bo-das”, com a concordância, naturalmente, no plural, ou seja: “As bo-das de Ciccarelli foram um fiasco”.

10.  “Ele é um superatleta hipersensível.”
        Não há problema algum. Tudo certo.

11. “Vossa Excelência, o motorista.”
       Vimos no jornal esse título de um artigo. Está errado. “Vossa Excelência” é pronome de tratamento que só se usa em relação à pessoa com quem se fala. Para a pessoa de quem se fala usa-se o pronome “Sua Excelência”. Logo, teria de ser: “Sua Excelência, o motorista.”

12. a) Destilar veneno = deixar cair o veneno, gota a gota.
      b) Instilar veneno = introduzir o veneno, gota a gota.

13. a) Os avós (de avó) = avô e avó.
      b) Os pais (de pai) = pai e mãe.
Observe que, no primeiro caso, toma-se por base o feminino. Já no segundo, o masculino. Talvez a psicologia explique…
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Albino de Brito Freire, juiz aposentado, é formado em Letras Neolatinas e membro da Academia Paranaense de Letras.

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