“Propriedade” é um filme com uma sufocante história entre classes

critica do filme propriedade
Cena do filme Propriedade. Foto: Divulgação

O que você faria se descobrisse que seria demitido sem nenhum benefício ou assistência? Ainda por cima, ficasse sabendo que seu novo trabalho não daria direito a férias remuneradas, recebimento por hora extra e só na hora da demissão, percebesse que estava trabalhando de forma irregular, ou seja, de maneira análoga à escravidão. Seu chefe? Seria um herdeiro de uma importante família da região. Pois bem, o filme “Propriedade” praticamente levanta essa questão, que não é nenhuma novidade, não é mesmo?

Protagonizado por Malu Galli (Amor de Mãe), o filme fez grande sucesso no circuito de festivais brasileiros e internacionais, e finalmente, chega nesta quinta-feira (21) ao cinema em Curitiba, na telona do Cine Passeio. No longa, a atriz global vive uma estilista, que com o marido, vai até a fazenda da família e lá são pegos de surpresa por uma revolta dos trabalhadores.

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Suspense sufocante, “Propriedade” é aquele filme que deixa qualquer espectador vidrado. Assim como a adaptação da obra de Stephen King para o cinema de “Cujo”, Galli passa parte do filme enclausurada em seu carro blindado tentando se defender dos trabalhadores.

Em uma trama reflexiva, o longa faz o público questionar os problemas vividos pelos personagens e traz a luta de classes, e a polarização social.

Cena do filme Cujo. Foto: Divulgação

O cineasta Daniel Bandeira, que assina a direção e o roteiro do longa, consegue de forma espetacular, extrair o melhor da história, criando a sensação de dúvida ao espectador: qual lado defender? Quem é o/a mocinho(a)? Quem está certo? A família ou os trabalhadores?

E como explica Bandeira, o filme é um reflexo sobre a violência. Questiona sua origem, seu avanço em grandes cidades o trauma que ela causa no indivíduo e como ela molda a sociedade.

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“O filme acaba sendo um comentário também sobre como a violência que acontece na cidade tem suas raízes muito profundas, que retrocedem no espaço. No campo e no tempo, porque são questões muito antigas, muito históricas. Então, no final de contas, a gente acaba vendo somente o efeito imediato dessa opressão na cidade, muitas vezes não se dando conta de que a origem disso está no campo, está na história”, explica.

Destaque também vai para o elenco formato por atores e atrizes ainda não muito conhecidos no circuito comercial.

De fato, “Propriedade” é um filme sociológico. No entanto, é um ótimo thriller claustrofóbico, capaz deixar o espectador refletindo sobre a história por dias. Talvez semanas. Na verdade, por bastante tempo.

Avaliação: ⭐⭐⭐⭐
Pra quem curte: suspense
Pra assistir com: amigos
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