Crítica

‘O Mal Não Espera a Noite – Midsommar’ perturba pela beleza

Foto: Divulgação

O estúdio A24 mais uma vez tenta quebrar os paradigmas, a fórmula de sucesso e os clichês presentes nos filmes do gênero horror. E quem volta a trazer novidades no mundo cinematográfico é Ari Aster, o jovem cineasta que ficou conhecido ano passado após apresentar o filme Hereditário, amado por uns e odiados por outros.

Intitulado O Mal Não Espera a Noite – Midsommar, Aster conta a história de Dani (Florence Pigh), uma jovem que passa por uma tragédia pessoal e decide ir com o namorado (Jack Reynor) à Suécia participar de um festival de verão em uma vila pacata. O que era para ser um momento especial de descontração na “Terra da luz” acaba se tornando uma ventura misteriosa e sinistra. Assista ao trailer:

Belo e perturbador, o novo terror de Ari caminha para o terror psicológico de forma elegante. Assim como o seu primeiro filme, o cineasta traz um suspense crescente, instigante e excêntrico.

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Quem disse que toda história de terror precisa acontecer no escuro? Para Aster, não é necessário. Por isso, se desafia utilizando as paisagens bucólicas do país europeu, as cores vibrantes e radiantes para criar o clima caótico, visceral, perverso e claustrofóbico. Esteticamente, Midsommar é uma homenagem à direção de arte presente nos filmes do cineasta, poeta, psicólogo e escritor chileno, Alejandro Jodorowski.

A Montanha Sagrada, de Alejandro Jodorowsky. Foto: Divulgação

Seus efeitos visuais contorcidos, alucinógenos e psicodélicos são uma ode às obras do pintor pós-impressionista Vicent Van Gogh. Ari Aster consegue trazer as distorções realísticas em algumas cenas que estão presentes em diversos quadros do pintor.

Campo de Trigo com Cipreste, 1886. De Vicent Van Gogh. Imagem: Reprodução/Wikipedia

O tom obscuro, misterioso e assustador está mais presente na trilha sonora do longa. Quem teve a audácia de trazer todo terror psicológico é Bobby Krilc. O músico utiliza o clássico instrumental com o estridente som eletrônico causando no espectador uma sensação de repulsa, angustia e agonia. Aliás, quem quiser entender do que estou falando, o álbum está disponível no Spotify.

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Aster também quebra outro clássico paradigma presente em vários filmes de terror quando utiliza o ritual, ceita ou culto como motim na trama. Ao invés de partir para crenças de matriz africana, o cineasta surpreende trazendo o terror através de uma religião europeia. A troca traz reflexões e desmistifica o preconceito criado contra o continente africano.

Cena do filme ‘O Mal Não Pode Esperar – Midsommar’. Foto: Divulgação

Portanto, assim como Hereditário, O Mal Não Espera a Noite – Midsommar não é um longa que agradará a todos. O seu horror é subjetivo, é profundo e psicológico. É o tipo de filme que o espectador sairá do cinema perturbado, reflexivo e angustiado, mas no bom sentido.

Avaliação: ⭐⭐⭐1/2
Pra quem gosta:
terror, suspense
Pra assistir: 
amigos, crush e sozinho
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