O estúdio A24 mais uma vez tenta quebrar os paradigmas, a fórmula de sucesso e os clichês presentes nos filmes do gênero horror. E quem volta a trazer novidades no mundo cinematográfico é Ari Aster, o jovem cineasta que ficou conhecido ano passado após apresentar o filme Hereditário, amado por uns e odiados por outros.
Intitulado O Mal Não Espera a Noite – Midsommar, Aster conta a história de Dani (Florence Pigh), uma jovem que passa por uma tragédia pessoal e decide ir com o namorado (Jack Reynor) à Suécia participar de um festival de verão em uma vila pacata. O que era para ser um momento especial de descontração na “Terra da luz” acaba se tornando uma ventura misteriosa e sinistra. Assista ao trailer:
Belo e perturbador, o novo terror de Ari caminha para o terror psicológico de forma elegante. Assim como o seu primeiro filme, o cineasta traz um suspense crescente, instigante e excêntrico.
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Quem disse que toda história de terror precisa acontecer no escuro? Para Aster, não é necessário. Por isso, se desafia utilizando as paisagens bucólicas do país europeu, as cores vibrantes e radiantes para criar o clima caótico, visceral, perverso e claustrofóbico. Esteticamente, Midsommar é uma homenagem à direção de arte presente nos filmes do cineasta, poeta, psicólogo e escritor chileno, Alejandro Jodorowski.
Seus efeitos visuais contorcidos, alucinógenos e psicodélicos são uma ode às obras do pintor pós-impressionista Vicent Van Gogh. Ari Aster consegue trazer as distorções realísticas em algumas cenas que estão presentes em diversos quadros do pintor.
O tom obscuro, misterioso e assustador está mais presente na trilha sonora do longa. Quem teve a audácia de trazer todo terror psicológico é Bobby Krilc. O músico utiliza o clássico instrumental com o estridente som eletrônico causando no espectador uma sensação de repulsa, angustia e agonia. Aliás, quem quiser entender do que estou falando, o álbum está disponível no Spotify.
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Aster também quebra outro clássico paradigma presente em vários filmes de terror quando utiliza o ritual, ceita ou culto como motim na trama. Ao invés de partir para crenças de matriz africana, o cineasta surpreende trazendo o terror através de uma religião europeia. A troca traz reflexões e desmistifica o preconceito criado contra o continente africano.
Portanto, assim como Hereditário, O Mal Não Espera a Noite – Midsommar não é um longa que agradará a todos. O seu horror é subjetivo, é profundo e psicológico. É o tipo de filme que o espectador sairá do cinema perturbado, reflexivo e angustiado, mas no bom sentido.
Avaliação: ⭐⭐⭐1/2
Pra quem gosta: terror, suspense
Pra assistir: amigos, crush e sozinho
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