Um dos maiores escândalos sexuais da mídia dos últimos tempos, o caso do ex-diretor geral da rede Fox News e Fox Business, Roger Ailes, vira filme que estreia hoje nos cinemas de Curitiba. O Escândalo mostra como o gigante do telejornalismo e na época CEO da empresa tem seu poder questionado e carreira derrubada após ser acusado de assédio sexual no ambiente de trabalho por um grupo de mulheres.
Do mesmo diretor de Trumbo: Lista Negra e a saga Austin Power, Jay Roach traz conta com um elenco de peso formado pelas atrizes Charlize Theron (Atômica), Margot Robbie (Era Uma Vez em… Hollywood) e Nicole Kidman (série Big Little Lies), além de John Lightgow irreconhecível interpretando Roger Ailes e a ganhadora do Oscar de Melhor Atriz Coajuvante pelo filme Eu, Tonya, Allison Janne.
Chocante, O Escândalo consegue nos primeiros minutos revelar toda estrutura hierárquica e culturalmente machista de uma das maiores emissoras televisa norte-americana. Roach é dinâmico e cria cenas ágeis, com narração e quebra da quarta-parede entre o personagem com o público, além de um arquivo de imagens reais que provocam reações de repulsa pelos casos envolvendo ao ex-diretor geral do canal.
Jay, com ajuda do roteirista Charles Randolph, consegue construir a imagem dúbia do agressor, assim como foi para as vítimas, o público também questiona o caráter de Roger descontruída com o passar da trama. O longa se assemelha muito com a produção original da Apple TV estrelada por Steve Carell e Jennifer Aniston, The Morning Show, onde revela os assédios sexuais do âncora de um jornal fictício.
Porém, toda criatividade encontrada cai aos 40 minutos de filme, tornando o longa simples, sem as narrativas e contato entre o personagem e o público. A impressão que se tem é de acabar com a trama logo, atropelando alguns fatos. No entanto, isso não faz de O Escândalo um filme ruim, mas pode ter sido um dos grandes motivos de conseguir apenas as indicações para melhor atriz coadjuvante para Margot Robbie, melhor atriz para Charlize Theron e melhor maquiagem e penteado no Oscar 2020.
Aliás, surpreende uma das indicações, a de Margot Robbie. A atriz que também é famosa por interpretar Arlequina em Esquadrão Suicida, não empolga e traz uma atuação simplória. Ao contrário de Charlize, que além de ótima interpretação, está sutilmente irreconhecível em vários momentos, chegando ao ponto de confundir o público. Mas a maquiagem é realmente um grande destaque do filme.
Enfim, O Escândalo se destaca pela denúncia e o medo das mulheres vítimas de assédio de fazer queixas. Também impressiona por levantar a questão sobre a diferenciação de gênero, objetificação da mulher no mercado de trabalho e a busca de respeito, valorização, reconhecimento e voz ativa dela no ambiente profissional.
Avaliação: ⭐⭐⭐1/2
Pra quem gosta: drama
Pra assistir: amigos, crush, e sozinho
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