“A Morte de Stalin” é uma tragédia cômica sem partir ao grotesco

Foto: Divulgação

As aulas de história foram parar nas telonas. Quem não se lembra de ter estudado sobre a difícil e conturbada época do período entre guerras, a 2ª Revolução Industrial e  a pós 2ª Guerra Mundial? O mundo vivia em uma constante transformação. Foi um boom na área tecnológica, trabalhista, social e politica.

Ok, a matéria não é pra falar de história, e a única informação de que você precisa relembrar (ou saber) é da Era Stalinista, período de repressão política da URSS (1927-53). Em “A Morte de Stalin”, o público irá acompanhar os momentos finais da vida de Josef Stalin – que governou a União Soviética por 30 anos – e o caos do regime após sua morte. Veja o trailer:

Foto: Reprodução
Adrian McLouglin como Josef Stalin. Foto: Reprodução

Não tinha ninguém melhor para dirigir “A Morte de Stalin” como Armando Iannucci, conhecido pelas séries cômicas políticas “Veep” e “The Thick of it”. Iannucci consegue transformar um fato histórico em uma deliciosa comédia inteligente, sem partir para o grotesco. Adrian McLouglin está irreconhecível e bem apresentado como Stalin. Também vale destacar as excelentes atuações de Simon Russell Beale (Penny Dreadful) como Lavrentiy Beria e Jeffrey Tambor (Arrested Develpoment e Transparent) como Georgy Malenkov.

O longa então é divido em duas partes: a morte do ditador e a confusão dos seus camaradas para preservar sua imagem e decidir qual será o rumo que a nação soviética irá tomar daqui pra frente.

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A primeira parte mostra então como a sociedade vivia tensa com a presença de Stalin. Era na base do medo, da repressão. O filme começa com uma orquestra exibida em uma rádio soviética e que ao chegar ao fim do concerto, o diretor da rádio recebe a ligação do próprio Stalin pedindo uma cópia do recital. Porém, a transmissão não foi gravada. Com medo de ser preso, o diretor teve uma ideia: pediu para os músicos tocarem a orquestra de novo. As cenas são bem hilárias.

Cena do velório. Foto: Reprodução
Cena do velório. Foto: Reprodução

Já na segunda parte, o humor fica por conta dos camaradas tentando escolher um médico para assinar o atestado de óbito do ditador. Porém, os melhores médicos da URSS foram acusados de traidores e por isso todos estavam presos. E a confusão não para: o velório é marcado por várias desavenças, porém o mais engraçado na cena é a tentativa dos membros do governo em não transmitir ao público os problemas ocorridos.

Diferentemente do filme “O Destino de uma Nação” (2018), Iannucci conseguiu de forma bem estruturada fazer uma excelente obra de humor refinado. “A Morte de Stalin” está para o cinema, assim como o “O Homem Que Matou Getúlio Vargas?”, de Jô Soares, está para a literatura. Ok que este último foge bem da história real, mas em questão de piadas, os dois são bem parecidos. A fotografia e o figurino merecem destaquem. Tanto um quanto o outro conseguiram representar esteticamente bem a época.

A Era Stalin foi trágica, sangrenta e marcada por opressão, mas Armando conseguiu fazer um excelente trabalho cômico em cima da história sem sair do salto.

A Morte de Stalin” estreia nesta quinta (07) nas salas de cinema de Curitiba.

Avaliação: ⭐⭐⭐⭐
Pra quem gosta: comédia
Pra assistir: amigos ou sozinho.
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