Não é de hoje que temos filmes com histórias bíblicas. Há vários famosos, como: Os Dez Mandamentos (1956), A Última Tentação de Cristo (1988) e A Paixão de Cristo (2004), claro, todos tratando Jesus Cristo como protagonista. A figura mais prestigiada pelos fiéis e considerada o socialista mais amado de todos os tempos. Não podemos deixar também de citar o clássico do cinema brasileiro, Maria, Mãe do Filho de Deus (2003), este último tendo como protagonista a virgem Maria, personagem mais admirada pelos católicos.
Mas agora é a vez de Maria Madalena ter a sua história contada. A personagem que por muito tempo foi tratada como prostituta – boato criado pelo papa Gregorio em 1540 – mostra uma outra Maria Madalena, uma mulher à frente do seu tempo, quebradora de regras, não aceitando submissão feminina posta pela sociedade, sendo até acusada de ser possuída pelo demônio por seu pai e irmão, por conta do seu pensamento diferente e por largar a família para seguir um profeta rodeado por seguidores homens. Podemos dizer que Maria Madalena é a primeira feminista de que se tem notícia. “Eu nunca vou me calar e serei ouvida” (frase do filme).
O filme foi escrito por duas mulheres, as roteiristas Helen Edmundson e Philippa Goslett (Poucas Cinzas: Salvador Dalí) e dirigido pelo jovem cineasta australiano Garth Davis, diretor do elogiado Lion: Uma Jornada para Casa. O elenco também é de peso, Rooney Mara (duas vezes indicada ao Oscar) é Maria Madalena, Joaquim Phoenix (três vezes indicado ao Oscar) interpreta Jesus, Chiwetel Ejiogor é Pedro e, por fim, Tahar Rahim faz o traidor Judas. Vale ressaltar a trilha sonora também, a belíssima sonoplastia é assinada por Jóhann Jóhannsson (A Chegada e A Teoria de Tudo), que infelizmente morreu no último dia 9 deste mês.
Sem apedrejamento, sem envolvimento romântico-carnal entre Maria Madalena e Jesus Cristo – como tratado no filme O Código da Vinci – o longa não tem só como objetivo mostrar a história de Cristo pela ótica de Maria Madalena, mas também acabar com a imagem pejorativa criada há décadas em cima dela. Lembrando que até o papa Francisco mudou a história da personagem, oficializando o reconhecimento de Maria Madalena como apóstola de Jesus Cristo pelo Vaticano em 2016.
Não só a Maria Madalena, mas o filme mostra um Pedro diferente, mais questionador, indo de devoto convicto a um cético, e Judas um apóstolo mais obcecado em ver os milagres prometidos pelo messias, deixando de lado a imagem de o puro traidor movido por riquezas. Até a figura de Jesus é tratada diferente, sendo representado como um homem mais comum do povo, sem a grandiosidade figura de poder.
Maria Madalena é um bom filme para refletir sobre os pré-conceitos criados por décadas em cima de uma personagem tão polêmica da história bíblica. Longa estreia nesta quinta (15) nos cinemas.
Confira o trailer:
Avaliação: ⭐⭐⭐ 1/2
Pra quem gosta: Filmes bíblicos.
Pra assistir: Família.
Filmes semelhantes: A Última Tentação de Cristo; A Paixão de Cristo; Maria, Mãe do Filho de Deus.
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