Sociedade é usada para definir um coletivo de cidadão de um país, governada por instituições nacionais que busca o bem-estar desse grupo. Para o sociólogo Émile Durkheim, o individuo é coagido a seguir determinadas regras para viver em sociedade. Marx Weber acredita que há um sistema social que se leva em conta âmbito tradicional, poder econômico ou o conhecimento técnico-racial para se instituir uma sociedade.
Enfim, resumindo, sociedade é um aglomerado de pessoas que vivem em uma determinada região com princípios ou costumes semelhantes. Claro que sempre haverá o individuo que não se identifica naquele grupo e se sinta deslocado. E é justamente sobre esta questão que o filme Border retrata.
A nova produção do iraniano-sueco, Ali Abbasi, considerada o filme mais feio do ano, mostra uma guarda de fronteira especialista em identificar contrabandistas. A profissional possui um sexto sentido inexplicável. Um dia, ela percebe algo errado em um sujeito, mas que é capaz de provar a culpa. Ambos começam a ter uma terrível relação. Veja o trailer:
Border é um drama romântico de direção e roteiro plausíveis. Interpretações impecáveis, com ótima caracterização. Eva Melander e Eero Milonoff conseguem trazer uma química espetacular a trama. O cineasta transforma a fisionomia exótica, os costumes atípicos dos personagens em um belo romance excêntrico. E ainda transmuta o conceito de belo regido socialmente pela cultura milenar que conhecemos até hoje. Não é a toa que o longa ganhou na categoria Um Certo Olhar do Cannes 2018 e concorreu ao Oscar na categoria de melhor maquiagem.
Em novo filme, Abbasi leva a discussão sobre a busca da identidade, o problema imposta pela sociedade no indivíduo resultando na falta da autocrítica e sua identificação social. A pragmatização da estética sintetizando na repulsa do feio. A alegoria discute o preconceito, seja sexual, racial ou social.
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Não, Border não é sobre não-humanos, criaturas que se conhecem e se apaixonam, é sobre os problemas sociais que conhecemos há décadas e que ainda sofrem com a falta de políticas públicas em defesa das minorias que não se identificam com o seu grupo social e se sentem desalojadas da comunidade.
O filme estreia nesta quinta-feira, 11, nos cinemas de Curitiba.
Avaliação: ⭐⭐⭐ 1/2
Pra quem gosta: drama, romance
Pra assistir: sozinho, com crush
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