‘Alice Júnior’ é uma comédia romântica estilo “Sessão da Tarde”, sobre primeiro beijo de jovem trans

filme alice junior
Cena do filme "Alice Júnior". Foto: Divulgação

Você lembra como foi seu primeiro dia de aula, no emprego, na universidade ou mesmo do primeiro beijo? São datas memoráveis, não é mesmo? Grande parte da população passa por isso, mas você já pensou como seria para uma pessoa trans passar por estes momentos tão importantes?

O filme Alice Júnior tenta tratar isso, mais especificamente sobre o primeiro beijo. O longa produzido e filmado em Curitiba e Lapa, na Região Metropolitana de Curitiba, retrata a vida da adolescente Alice, que se muda de Recife para uma pequena cidade conservadora do Sul do Brasil. Na nova moradia, vem também outros amigos e novo ambiente escolar. Cheio de vida e personalidade, a jovem trans tenta barrar o preconceito e conseguir dar o seu primeiro beijo.

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Para entender melhor a trama, o blog Não é Spoiler conversou com o autor do filme, Luiz Bertazzo. O roteirista é conhecido por atuar na série Sob Pressão, exibida na TV Globo e na nova produção da Netflix, Irmandade, onde interpreta o personagem Buri.

Segundo ele, a ideia de produzir esta história surgiu há dois anos. Bertazzo conta que sempre foi fascinado em criar tramas LGBTQI+, mas que não aquelas sobre o descobrimento e/ou processo de aceitação. “Já existe muitos filmes sobre o tema [LGBTQI+] onde o personagem sai do armário, eu quero mostrar as histórias depois desta passagem”, conta Luiz. “E o Alice Júnior é um filme de adolescente estilo as tramas da Sessão da Tarde”, explicou o autor.

Na vida real

Protagonista do filme é uma atriz trans. Foto: Divulgação

A atriz que interpreta a Alice, Anne Celestino, é mulher trans na vida real. Luiz revela que encontrá-la não foi fácil. “Eu tenho vários amigos trans, conversei com umas delas, a Luna Tik, que me ajudou a divulgar sobre a procura de uma jovem trans. Foi aí que conheci a Anne”, explicou. Celestino é a única artista do elenco que não é paranaense, a garota é pernambucana.

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Com ajuda da própria Anne, Luiz conta que conhecer o universo trans não foi fácil. Nesta tarefa, ele ainda teve o auxílio de Megg Rayara Gomes de Oliveira, professora e doutora da Universidade Federal do Paraná (UFPR) para a finalização do roteiro fílmico. “Algumas falas, gírias e situações foram criadas após a entrada de Anne no longa e através do laboratório de roteiro”, disse Bertazzo.

Luiz Bertazzo é o roteirista de “Alice Júnior”. Foto: Matheus Moura

Outra curiosidade foi a própria construção da protagonista. Luiz explica que a personagem é uma adolescente alto astral, aceitada pelo próprio pai, amada por amigos e que com isso, vive numa bolha. “O filme tem seu lado político, até porque não dá pra falar de corpo trans sem tocar neste assunto, porém o longa é uma comédia romântica leve e otimista”, definiu o autor.

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Alice Júnior teve sua estreia na 26º Festival de Cinema de Vitória, foi exibido na 43ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo e selecionado para o 27º Festival Mix Brasil e no 52º Festival de Brasília. O lançamento no circuito comercial está previsto para março de 2020. A direção é de Gil Baroni, roteiro de Luiz Bertazzo, co-roteiro de Adriel Nizer Silva, produção de Andréa Tomeleri e Gil Baroni.

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