Uma trilha feliz

O Valentim desapareceu no CIC em 19/10 junto com seu irmão Mayron. É um cão macho, castrado, porte médio. Paga-se recompensa. Contatos: Franciane: 41-88133154 ou Byane: 41-97777242 / 41-97802379.

Domingo de sol, fomos em doze veículos 4×4 distribuir brinquedos na área rural. Enchi meu porta-malas de ração. Meus companheiros presenteavam crianças e eu e minha irmã distribuíamos ração para cães dóceis e magros.

Até que ela chegou. Parecia um esqueleto ambulante, pelo e osso. Sem falar nos bernes. Apesar do estado crítico, nos olhava com doçura! Servi uma porção generosa de ração e ela comeu abanando o rabinho. Dei mais. Quando se sentou. vi que era fêmea. Bocejou e vi dentes branquinhos. Pela barriguinha lisa e tetas pequenas, era filhote ainda, naquele estado desesperador de abandono e fome.

Um morador me falou que davam restos da merenda para os cães deles. Dei-lhe uma bronca: já que é resto, podia dar um pouco para esta coitada! Ele respondeu: ‘Muita gente vem de longe e abandona cães aqui…‘ Retruquei: um erro não justifica o outro. Pelo menos comida podiam dar à pobrezinha!

As crianças passavam com seus presentes e a cachorrinha os seguia, tentando convencê-las a levá-la. Olhava cheia de esperança, balançando aquele esqueleto que era seu corpinho. Quando a repeliam, esperava um pouquinho e voltava para a escola e repetia a tentativa. Dei patê de cães para ela. Quando terminou, ela se aconchegou e lambeu minha mão! Chorei.

Deixei o resto de ração num local protegido, para que ela se alimentasse no dia seguinte. Fui embora abatida, não podia resgatá-la. Passei o dia seguinte pensando nela.

Decidi voltar os quase 100 km para buscá-la. Consegui o telefone da diretora da escola, me informou que a cachorra havia sumido. Ofereci recompensa caso a cachorrinha aparecesse e ela me avisasse.

Nove dias depois, tocou meu celular. A cachorrinha estava em frente à escola. Pedi que a prendessem num local seguro até eu chegar. Desmarquei meus compromissos, peguei meu pai e fomos resgatar uma cachorra em Tijucas do Sul. Ela me reconheceu, abanou o rabinho e novamente lambeu minha mão.

Peguei-a no colo e fiquei impressionada com sua leveza. Ela não ofereceu resistência, dormiu o caminho todo no banco de trás. Estava segura, podia relaxar. Dei-lhe o nome de Trilha, pois a encontrei numa trilha iluminada num dia de sol. Pouco tempo depois, ela foi adotada por uma família bacana e hoje vive feliz com um irmão de pelos, adotado também, e um irmão humano.

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