Saí de casa com duas certezas: o evento Elas São Tech seria incrível, e a Laura sobreviveria sem mim. Era a primeira vez que passava algumas horas longe dela, e, enquanto tentava absorver ao máximo o conteúdo sobre protagonismo feminino na tecnologia, minha cabeça insistia em dar uma escapadinha para casa, para aquela pequenininha risonha. Fui assim mesmo.
O evento foi uma celebração em homenagem ao Dia do Empreendedorismo Feminino, 19 de novembro. Quem quiser saber mais pode conferir no Instagram da @assespropr.
Quando engravidei do Bê, trabalhava como Gerente de Projetos de Tecnologia. Mas, aparentemente, mulheres ainda precisam “escolher” entre ter uma carreira e ser mãe. Seria engraçado se não fosse trágico que a sociedade ainda não entenda que mulheres podem fazer qualquer coisa — e tudo ao mesmo tempo.
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Recentemente, fui fazer um test-drive de carro e descobri que, para algumas pessoas, uma mulher só está no volante porque o marido está comprando o carro para ela. Se mulheres não podem nem comprar carros, quem dirá ocupar posições de liderança em um mercado tão masculino quanto o de tecnologia, não é mesmo?
Spoiler: foi minha mãe, pasmem, uma mulher, quem fugiu do interior de Minas Gerais em busca de uma vida melhor em Brasília e tirou toda a nossa família da pobreza extrema. E fui eu, outra mulher, quem liderava equipes quase totalmente masculinas em projetos de tecnologia.
Durante uma das palestras, ouvi a frase: “No futuro, não haverá líderes femininas. Haverá líderes.” Hoje, essa ideia parece utópica, dado o tanto de resistência que enfrentamos. Mas, um dia, o direito de uma mulher votar também foi visto como impossível.
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Uma das palestrantes parecia ter saído de uma revista de sala de espera de consultório de rico. Linda, estilosa e, para completar, com o currículo mais impressionante que já vi. Porque, sim, a gente pode ser tudo: bonita e inteligente, líder e feminina, culta e descontraída. Lugar de mulher é onde ela quiser — e do jeito que ela quiser.
Eu posso ser mãe, ter os dois filhos mais lindos do mundo, dirigir bem, ter uma caixa de ferramentas invejável e ainda fazer o bolo de aniversário dos meus filhos. Tudo isso de salto alto, se eu quiser.
Sempre soube que seria diferente criar um menino e uma menina. Mas, depois de tudo o que ouvi no evento, entendi o quanto educar crianças pode mudar o mundo. Precisamos criar mulheres empoderadas e homens que saibam caminhar ao lado delas, apoiando-as em tudo.
Ah, e sobre aquela palavrinha mágica: sororidade. Se todas nós soubéssemos o impacto que o apoio mútuo pode ter, as coisas seriam bem diferentes.
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Já ouviu falar no “liking gap”? Basicamente, é a diferença entre o quanto achamos que alguém gosta da gente e o quanto essa pessoa realmente gosta. Estudos mostram que subestimamos o quanto somos queridas. Às vezes, o óbvio precisa ser dito.
Então, que tal um desafio para hoje? Ligue para sua amiga que está vendendo bolo de pote, que abriu um negócio, foi promovida ou realizou algo importante, e diga como ela é incrível. Mande uma mensagem para aquela que virou mãe recentemente e está fazendo o possível e o impossível todos os dias. Apoie as mulheres ao seu redor, sempre.
>>Deu positivo, e agora? O que eu gostaria que tivessem me contado sobre gravidez