Hoje eu estou “de bem” com os pais e a bronca é com as mães que não deixam os pais cuidarem dos próprios filhos.
Sei que as vezes não é fácil ver alguém cuidando do nosso filho de um jeito diferente do nosso. E como eu sei! Mas num mundo em que temos uma triste quantidade de pais ausentes, a gente precisa dar espaço para os pais de verdade e estimular que eles sejam mais presentes.
Quando eu e o Eduardo começamos a pensar na possibilidade de filhos, internamente eu decidi que me esforçaria para achar um equilíbrio, fazendo com que a criança não fosse dependente de mim e nem eu dela. Apesar de soar um pouco mais desapegado do que de fato era, eu repito isso até hoje pras pessoas e isso esta presente em muitas decisões minhas como mãe e nossas como pais.
Eu e meu laço da mulher maravilha queremos mudar o mundo
O Bê era um neném que, desde que começou a interagir com o ambiente, brincava sozinho. Sempre gostei da ideia dele aprender a ser feliz com ele mesmo e sempre achei que ele tinha que aprender a lidar com o próprio tédio. Me esforcei muito pra deixá-lo ser cuidado também por outras pessoas.
Antes dele nascer eu falava que não queria que ele só fizesse as coisas se fosse comigo. Sabe aquela criança que só dorme com a mãe? Só come com a mãe e só toma banho com a mãe? Era exatamente o que eu não queria que acontecesse.
Entendo que existem infinitas variáveis nesse processo: amamentação no seio, disponibilidade dos cuidadores, exterogestacao, falta de rede de apoio mesmo, entre tantas outras coisas.
Chegou a hora de pararmos de normalizar a figura do pai ausente
Mas eu sempre me esforcei numa briga interna comigo mesma pra deixá-lo, além de aprender a ficar sozinho, aprender a ficar com outras pessoas. Ele tinha que fazer tudo com o pai e o pai a fazer tudo com ele. Eu deixava ele comer com a vovó, tirar soneca com o vovô.
Apesar de não gostar muito, comecei a tirar leite para que ele pudesse ficar sem mim um pouco. Quando ele tinha pouco mais de um mês, fui fazer uma massagem só porque eu queria, um tempo depois fui ao estádio ver meu time jogar, tomei uma taça de vinho em um jantar elegante… a cabeça ficava em casa com o Bê, mas o corpo se divertia um pouco. E tenham certeza: isso é muito importante.
Tao importante que quando o Bê tinha três meses eu tive dengue e fiquei uma semana internada. Antes da Laura completar um mês, eu fiz uma cirurgia pra retirada da vesícula e passei o dia todo no hospital. Eu fiquei no hospital com o coração apertado, mas tranquila, afinal eles estavam com a melhor pessoa que eles poderiam estar: o pai!
Eu lembro que logo que o Bê nasceu ele era tão pequenininho e ficava menor ainda no colo do pai. Era difícil ver o Eduardo dando banho nele de um jeito diferente do meu, brincando de um jeito que parecia que podia quebrar o neném, segurando igual um pacote, mas logo eu precisei entender (e entendi) que ele precisava aprender a cuidar.
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Até hoje tem dias que eu não sei como o pai consegue combinar xadrez com bolinhas, como ele escolhe o sapato que tá mais apertado ou como ele consegue escolher sempre as roupas que eu menos gosto. Mas eu olho pro pai dos meus filhos e vejo a relação que eles criaram, a carinha fofa que ele faz quando está cuidando das crianças e olho pros nossos filhos e percebo a felicidade e o amor com que eles olham para o pai.
Daí eu entendo que meu jeito nem é tão melhor assim, é só diferente. Tenho certeza que o segredo dos nossos filhos serem tão maravilhosos é justamente esse: nós dois, tão diferentes.
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