Chega uma hora que é mais fácil ser só pai e mãe.
Vamos ao episódio de hoje de O Cuspe Pra Cima Que Voltou Na Minha Cara. Eu, como toda mulher sem filhos que acha que será a mãe perfeita (até ter filhos), vivia dizendo: “Eu jamais deixarei de ser a Beatriz e a esposa por ser mãe!”
Honestamente, eu já sabia que a chance disso acontecer era alta. No fundo, sempre suspeitei que esse cuspe voltaria. Ainda assim, me esforço muito para ser eu e ser esposa, mesmo sabendo como um filho demanda tempo e energia.
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Quando tínhamos só o Bê, tudo parecia mais fácil. Com apenas um ser humaninho pra cuidar, sempre tinha um adulto de apoio pra buscar a toalha do banho, pegar o pano se o bebê vomitasse, ou até revezar pra ninar de madrugada.
Mas agora, com dois bebês, não tem “um adulto extra” na rotina. É todo mundo precisando de ajuda ao mesmo tempo!
Duas crianças, duas demandas diferentes.
A Laura nasceu quando o Bê tinha um ano e quatro meses. E olha, tem dias em que parece que a vida passou por cima da gente.
Cuidar deles é como viajar a turismo: acordamos cedo, resolvemos tudo o que precisa ser feito, e à noite estamos exaustos. Não é aquele cansaço de academia ou trabalho; é o cansaço de “SÓ” cuidar de crianças.
E, claro, as necessidades deles são completamente diferentes:
A Laura está ensaiando pra engatinhar e com os dentes nascendo.
O Bê já participa do amigo secreto da escola, tem vontades e frustrações, mas ainda é um bebê.
Tem dias que penso que seria mais fácil se fossem gêmeos, porque as demandas seriam parecidas. Ou, talvez, se tivessem uma diferença maior de idade, e o Bê fosse mais independente. Mas não tenho essa resposta, e nem quero.
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E o “eu”? E o “nós”?
Sempre falei que, antes de mãe, eu era Beatriz e esposa. Mas, às vezes, o cansaço faz com que o “eu” e o “nós” fiquem pra depois.
Por favor, não deixe o eu e o nós pra sempre. É difícil, eu sei. Há quem diga que filho não é desculpa pro casamento esfriar ou pra não se cuidar… Aposto que essas pessoas não têm filhos.
Mas precisamos tentar — por nós mesmos, pelo casal que existia antes das crianças, e pela família que construímos.
Sim, é mais fácil ficar em casa do que encontrar uma amiga. É mais fácil deitar e dormir do que perguntar como foi o dia do outro. É infinitamente mais fácil pedir delivery do que se arrumar e sair pra jantar. Mas é necessário.
Como já dizia Edson Marques no poema “Mude”: “Comece devagar porque a direção é mais importante que a velocidade.”
Pequenos passos para resgatar a si mesma
Quando a Laura tinha 3 meses, lembro de me olhar no espelho e desviar o olhar. Eu via olheiras, cabelo sujo, pijama com marcas de leite, e uma mulher exausta que não dormia mais de 3 ou 4 horas por noite.
Mas aos poucos comecei a mudar:
Fiz a sobrancelha.
Pintei as unhas.
Cortei o cabelo.
Tirei o pijama (quase todos os dias).
Passei creme depois do banho.
Quando vi, estava tomando café com uma amiga, com as unhas feitas, sobrancelha arrumada e uma roupa que não me incomodava mais.
Sei que no começo parece impossível, mas vai acontecer. Respeite o seu tempo e faça o que gosta, aos poucos. Não precisa provar nada pra ninguém; você só precisa se sentir bem consigo mesma.
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E sobre o “nós”?
Hoje, o Eduardo me disse: “Você está tão linda! Temos algum evento que esqueci?”
Eu respondi que não, eu só queria me sentir bonita.
Termino este texto pedindo: faça algo por você e pelo seu parceiro hoje. Um abraço demorado, uma mensagem fofa, um carinho.
Os nossos filhos merecem pais felizes consigo mesmos e um com o outro. E você merece isso também.