Com filhos pequenos e de folga: melhor viajar ou ficar em casa?

Foto: Eduardo Luiz Klisiewicz / Tribuna do Paraná

Esse final de semana decidimos ir até a praia. São só 100 km, mas que se tornam uma longa viagem quando temos um carro com porta-malas pequeno e duas crianças. Nos apertamos um pouquinho para caber uma amiga entre as cadeirinhas, juntamos nossa coragem com um belo tanto de ousadia e descemos a serra.

Na boa, antes, eu me perguntei se valeria mesmo a pena todo o esforço. Honestamente? Era muito mais fácil ter ficado em casa.

De coração? Vale demais a pena.

Um mês depois que a Laura nasceu, eu fui para o centro cirúrgico tirar a vesícula que tanto me incomodou nos dois últimos meses de gestação. Foram nove longas e dolorosas crises antes de poder tirá-la. Depois passei por um período de recuperação física grande e, psicologicamente falando, ainda estou tentando existir além de mãe. E é exatamente por isso que vale a pena.

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Porque o mundo não para para esperar a gente; precisamos ajeitar a carga e seguir em frente. Às vezes, a gente tem que fazer o que dá para fazer, nem que seja para sair do estado de inércia e entrar em movimento.

Lembro de um dia falar para o meu marido que eu não queria fazer um churrasco porque estaríamos cansados, e ele me respondeu que ficaríamos cansados de qualquer forma. E, se fizéssemos um churrasco, pelo menos teríamos companhia. Fizemos o churrasco, cansados, mas nos divertimos o suficiente para entender que valeu a pena.

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Temos dois bebês com um ano e quatro meses de diferença em casa. Obviamente, estamos cansados, mas entre ficar cansados no sofá da sala ou moldando os pezinhos na água do mar, preferimos passar horas arrumando nossas malas e dirigir por pouco mais de cem quilômetros para ficar cansados tomando água de coco e correndo atrás do Bernardo, enquanto a Laura sorri para todo mundo que passa.

Se me perguntarem se vale a pena viajar com duas crianças pequenas, vou ser obrigada a dizer que sim! Vale a pena fazer uma festa de aniversário que a criança não vai lembrar? Se você quiser fazer, vale sim!

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A criança não vai lembrar mesmo, mas a infância dela não é a única coisa que está acontecendo. A maternidade da mãe e a paternidade do pai também estão acontecendo e merecem ser vividas.

Fizemos uma festa de aniversário de um ano para o Bê, e eu faria tudo de novo, igualzinho. Porque nada podia me fazer mais feliz do que ver dezenas de amigos queridos celebrando a vida do nosso filho e enchendo ele de amor. Seguimos esse mesmo raciocínio para nossa festa de casamento, os chás de fralda… os presentes valem a pena? Depende, caro leitor, mas te garanto que ter os amigos festejando nossa família é o momento mais precioso que podemos viver.

Entre ficar cansados assistindo desenho no modo sobrevivência em casa, preferimos arrumar as malas e percorrer uma centena de quilômetros para moldar pezinhos na areia e deixar o Bê tocar o terror no calçadão.

No final do dia em que chegamos à praia, fui dar aquela olhada caprichada no celular depois de as crianças dormirem, e me peguei olhando as fotos que tiramos durante o dia. E o que percebi foi:

O que meu cérebro armazenou: o Bê imitando dinossauro na barraquinha de crepe, a Laura que quase engatinhou na sala, as risadas quando tentamos tirar uma foto de todo mundo e o Bê decidiu que era melhor não, que encontramos espetinho com jantinha para comprar, que o Bê dormiu fora do berço pela primeira vez e ficou encantado…

O que meu cérebro ignorou com sucesso: os choros, a dor nas costas de carregar os 12 quilos do Bê, a água de coco que ele derramou nele mesmo…

No final das contas, eu diria que, quando vivemos momentos assim com a nossa família, independente do esforço, o saldo sempre vai ser positivo.

Um obrigada especial para o meu divertidamente mais destemido. Adorei o botão “ir para a praia”. Tenho certeza de que você apertou muitas vezes o botão de “ir com medo mesmo” e me deu lembranças incríveis.

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