A maternidade tem uma relação única com o tempo: ela estica, encolhe e nos faz viver numa constante dança entre o efêmero e o eterno. Num dia a gente tem um recém-nascido e não faz ideia do que fazer com ele, e no outro, estamos fingindo que não vemos ele comer a ração do gato pela milésima vez.
Tudo o que sabemos sobre o tempo muda quando temos filhos.
Gestação: a espera sem fim
Na gestação, o tempo passa arrastado. As semanas são longas, o intervalo de um mês entre um ultrassom e outro demora demais. Não passa nunca.
A gente quer tanto, mas tanto ouvir o mini coraçãozinho batendo e ver aquelas imagens (que a gente não entende nada, mas finge bem), que parece que nunca chega. E assim, vêm as longas 40 semanas de:
“Tá chegando?”
“Já chegou?”
A gente só quer ter o bebê logo no nosso colo.
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Puerpério: um eterno lusco-fusco
Nas primeiras semanas do bebê — um período que eu chamo carinhosamente de “Socorro!” — a coisa gira em torno dele.
A casa fica silenciosa, mas você não. Você só repete: “Meu Deus, ele tá chorando de novo” no modo zumbi. É um lusco-fusco eterno, e sempre está na hora de dar mamá para a criança.
Entre muitos mamás e uma quantidade sem fim de tentativas de fazer o bebê dormir, parece que o tempo nunca passa.
A gente espera, com todas as forças, que o bebê comece a interagir com a gente. A gente só quer uma gargalhadinha banguela.
E, de repente, eles crescem…
De repente, o filho da gente está fazendo dois anos e deixa, oficialmente, de ser um bebê.
Notou que eu falei da gestação, só do pós-parto e, logo em seguida, dos dois anos? Parece que entre os primeiros dias e o aniversário de dois anos de dinossauro só existe um piscar de olhos.
A gente tenta estar presente. Deixa o celular de lado para brincar. Ensina um monte de coisa o dia inteiro. Brinca, cuida, faz carinho. Brinca mais um pouco. Porque não quer perder nada.
Mesmo assim, foi desse jeito que entendi o significado de efêmero.
A palavra tem origem no grego ephḗmeros, que significa “que dura apenas um dia”. Refere-se a algo passageiro, transitório ou de curta duração. Pode ser usado para descrever situações, sentimentos ou fenômenos que não perduram por muito tempo.
Ou, do latim, tempus fugit, que é exatamente essa sensação de que o tempo nos foge.
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Redescobrindo o mundo
Não tem nada mais perfeito do que ver o filho da gente crescendo e descobrindo o mundo. É a sensação mais gostosa que já senti. Parece que a gente redescobre o mundo pelos olhos deles.
Quantas vezes você parou para admirar um passarinho voando no céu ultimamente? Eu fiz isso. O Bê não pode ver um passarinho sem ficar todo feliz, gritando “piupiu”.
E o que eu posso fazer? Sentar ao lado dele e falar:
“Olha, filho, que lindo!”
E admirar a beleza de poder admirar meu filho admirando um pássaro no céu.
Filho ensina a gente a amar o mundo de novo.
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Aproveita
Ontem comemoramos os dois anos do Bê e os oito meses da Lauríssima. O que eu posso te falar sobre isso? Presta atenção no seu filho!
O cheirinho azedo do cangote vai durar muito pouco. Eles dormem mamando no nosso colo por alguns meses só. Eles falam “papú” quando querem colocar o sapato por um período curto de tempo. E a gente esquece esses detalhes tão rápido.
E eles são perfeitos.
Brinca com seu filho. Curta os momentos de cuidar, mesmo com cansaço e preguiça. Você vai sentir saudades até das noites longas.
São esses pedacinhos do cotidiano que fazem tudo valer a pena. Não deixe que eles escorram entre os seus dedos. Seja gentil com seu cansaço e seus limites pessoais, mas olhe para os seus filhos enquanto eles brincam. Pegue na mão deles quando estenderem aqueles bracinhos curtos. Preste atenção quando quiserem te mostrar alguma coisa.
Ajuda a colocar o “papú” com calma. Admira os passarinhos. Eles estão te mostrando como ver beleza e felicidade no mundo, aproveita!
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