A primeira mamadeira: grandes transformações na vida de uma mãe

Imagem gerada por IA: ChatGPT

Eu já tinha um texto pronto pra hoje, mas aconteceu algo muito importante essa semana. Depois de meses sendo a única fonte de alimento da Laura, vi minha bebê aceitar a primeira mamadeira. Parece simples, mas foi como se eu pudesse ver uma pontinha da minha liberdade voltando.

Apesar de ter lido muitos relatos, eu nunca tinha entendido o desespero de algumas mães quando o filho não aceitava a mamadeira. Na maioria dos casos, são mães que precisam voltar a trabalhar. A Laura me fez entender exatamente o que essas mães sentem.

Deu positivo? E agora? O que eu gostaria que tivessem me contado sobre gravidez

O Desafio de Introduzir a Mamadeira

Laurinha está com seis meses, e há algum tempo venho tentando introduzir a mamadeira. Já tentamos de tudo: trocar o bico, trocar a mamadeira, leite materno, fórmula, trocar a fórmula, pessoas diferentes dando a mamadeira, ambientes diferentes, com muita fome, sem muita fome, sonolenta… tudo o que parecia ortodoxo e não condenável pela Sociedade Brasileira de Pediatria, nós tentamos. Foram meses de tentativas e frustrações.

Racionalmente falando, por que alguém decide ter filhos?

Você pode estar se perguntando por que eu quero que ela tome mamadeira se ela está indo bem mamando exclusivamente no seio.

Reencontrando a Liberdade e a Identidade

A amamentação exclusiva é linda, e sabemos que é a melhor opção para o bebê, via de regra, mas nem sempre é para a mãe. Há seis meses, eu e Laura fazemos tudo juntas, ou melhor… às vezes não fazemos nada. Eu amo amamentar minha bebê, mas eu lembro que também amava fazer massagem nas sextas-feiras, ir a uma consulta sozinha, almoçar com uma amiga, tomar um banho longo ou ir ali comprar pão. Lembro como eu gostava do meu trabalho e da sensação de poder ir jantar fora com o Eduardo e sentir saudades de estar com meu bebê. Sinto saudades de poder fazer exercícios por uma hora! Sinto falta de poder mudar de planos e demorar um pouco mais para chegar em casa.

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Sinto muita falta de poder estar presente no que eu estou fazendo, de poder dar atenção a um amigo durante uma conversa ao invés de estar com um olho no peixe e outro no bebê. Sinto falta de não me perder na conversa por estar sempre prestando atenção nela. Mãe não consegue tirar o bebê do centro da atenção.

Ser mãe é minha função preferida na vida, mas há meses eu sinto falta de poder ser outras coisas além de mãe.

Dizem que, quando nasce uma mãe, nasce uma culpa. Esse é um sentimento muito difícil, é como reclamar de barriga cheia, como se eu não tivesse o direito de não me sentir plena e realizada, mesmo quando não me sinto. Que sentimento ingrato.

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Eu amo amamentar minha bebê, amo o sorriso que ela dá dormindo quando para de mamar, amo como ela sempre segura minha mão ou meu colar, amo como o peito a acalma e parece que cura tudo, amo como ela se joga no meu colo pra mamar e amo conseguir amamentar, porque sei que muitas mães desejam isso e sei que estou fazendo o que acredito ser o melhor para minha filha.

Mas…

Eu amo o “eu” que existe além da maternidade, e esse “eu” tem tentado ser paciente e sabe que isso tudo vai passar, que logo logo vou poder ser muitos “outros eus” de novo e, inclusive, que vou sentir saudades desses momentos daqui a um tempo.

Mas…

Mesmo assim, eu chorei quando ela mamou.

Chorei porque sei que só posso ser uma boa mãe para meus filhos se eu for boa comigo também. Afinal, a máscara de emergência é sempre na gente primeiro. A maternidade não deveria anular tanto a gente assim.

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Na gestação, parece que a gente não se manda mais, que nosso corpo está ali para servir o bebê e que a gente fica em segundo plano; e depois que o bebê nasce, parece que a gente sempre fica pra depois.

Venho me adiando há tanto tempo e essa foi uma pequena conquista da Laura mas me trouxe um alívio inesperado e me fez vislumbrar uma nova fase, onde posso, pouco a pouco, me reencontrar além da maternidade.

Sempre vou ter no meu peito o amor por cada momento que passamos conectadas, e sei que ainda seremos inseparáveis em muitos outros. Mas agora sinto que estou começando a recuperar uma parte de mim que, por amor, ficou um tempo guardada.


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