Essa semana a Laura resolveu testar a gravidade e se jogou da cama!
Fora o susto que nós levamos, me peguei pensando sobre isso por alguns dias e queria falar sobre o poder que nós mães temos de controlar as coisas, que se resume a nenhum poder. Parece que a maternidade já sai dando na cara das mulheres mais desavisadas, como era meu caso, e já na gestação a gente aprende que não controla nada.
A primeira mamadeira: grandes transformações na vida de uma mãe
Eu tive três perdas gestacionais antes de engravidar do Bê. Foi uma loucura, pasmem, eu engravidei três vezes seguidas! Engravidei, tive um aborto espontâneo, engravidei 15 dias depois, outro aborto, engravidei novamente 15 dias depois e mais um aborto. 15 dias depois engravidei do Bê.
Eu nem sabia que isso era possível.
Nesse meio tempo, eu e o Eduardo tivemos uma temporada de consultas com especialistas, exames de todos os tipos e lemos todos os tipos de opiniões, das mais absurdas às mais coerentes. Estava tudo certo com a gente, não tinha nada errado, nada que nos impedisse de ter um bebê, e mesmo assim já tínhamos perdido três!
Deu positivo? E agora? O que eu gostaria que tivessem me contado sobre gravidez
Eu escolhi acreditar que meu corpo é a coisa mais perfeita do mundo e que ele sabia o que estava fazendo. Confiei que Deus, ou seja lá quem for responsável pelas coisas inexplicáveis da vida, tinha um plano.
Nada mudou da primeira gestação até a quarta, que foi a do Bernardo. Nada tinha mudado. Absolutamente nada. Eu tomava as mesmas vitaminas pré-concepcionais, tomava os mesmos cuidados, e o Eduardo também.
Na hora certa, veio o Bê. Numa gestação perfeita, sem complicações ou dificuldades. Tudo se desenrolou como se meu corpo soubesse exatamente o que fazer.
Foi aí que eu me perguntei: por que c@r@lho$ eu passei por três abortos?!
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Foi aí que eu descobri que eu nunca mais teria nem a sensação de controlar alguma coisa. Eu podia dar o meu melhor: tomar as vitaminas, três litros de água por dia, seguir todas as recomendações da minha médica e comer todos os meus vegetais, mas isso não ia me garantir que todo aquele amontoadinho de células na minha barriga iria se desenvolver com perfeição. No entanto, ele e Laura vieram perfeitinhos, lindos e espertos.
Eu lembro bem da sensação do começo da gestação, quando eu não podia sentir o bebê ou perguntar pra ele se estava tudo indo bem, eu só podia continuar tomando minhas vitaminas e esperar o próximo ultrassom. E assim se passaram meses, até que eu comecei a pelo menos sentir o bebê mexer. Daí eu pelo menos podia acreditar que ele estava bem.
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Foi a sensação mais difícil que eu já experimentei. Eu tinha tanto medo de dar errado, mas eu só podia ter fé e esperar que meu corpo e o corpo que estava sendo gerado sabiam o que estavam fazendo. Deu boa, pessoal!
Depois disso, eu lembro de me sentir pronta pra ser mãe. Passei 39 semanas estudando ótimos livros e consumindo conteúdo de qualidade. Eu estava pronta pra tudo. Menos pra cuidar de um bebê de verdade. A sensação de controle é, geralmente, uma ilusão.
Eu falei que não daria chupeta pra ele; no entanto, ele está com quase dois anos e passa o tempo todo com a pepê na boca. Eu falei que jamais deixaria eles dormirem fora do berço; no entanto, Laurinha se jogou da cama.
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É muito fácil a gente criar uma criança na teoria. Todo mundo tem uma bela ideia do que fazer e o que é melhor, mas, calma, pessoal! Todo mundo sabe até experimentar a privação de sono, choro de cólica, um filho doente ou um bebê que não gosta de dormir.
Eu achei que, se eu me preparasse bem, eu tiraria de letra… mas ninguém me contou que cada bebê é um universo inteiro e que, mesmo irmãos com pouco mais de um ano de diferença, são completamente diferentes.
Bê sempre amou mamadeira e chupeta, a Laura tem ânsia de vômito quando a gente tenta. O Bê dormia por 30 minutos a cada duas horas; hoje, Laura dormiu três horas à tarde. Bê dormia tão bem enroladinho, a Laura nunca conseguiu dormir enrolada.
Ter filhos é assim: a gente coloca uma vida no mundo e, por mais que a gente se esforce, somos incapazes de garantir que eles vão seguir nosso roteiro perfeito.
Se hoje a gente não controla nada, imagina quando eles chegarem na adolescência.
Mesmo o planejamento mais cuidadoso pode ser subvertido pela própria personalidade única dos pequenos. Essa é a beleza; é lindo conseguir enxergar a beleza no meio da imprevisibilidade que é a maternidade.
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Tá tudo bem não estar 100% no controle e, no final, é exatamente isso que faz da maternidade uma experiência tão humana e visceral.
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