Decidi abraçar a mãe perfeita que eu sou capaz de ser. Eu costumo falar que comecei a me sentir mãe quando comecei a tomar decisões pensando em ter filhos: quando decidi emagrecer 60kg, quando decidi fazer exercícios e me alimentar melhor, quando decidi parar de me comportar de forma inconsequente e passei a criar uma vida que caberia uma criança, isso já faz algum tempo.

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O interessante é que eu me sentia pronta pra ser mãe, mas hoje eu percebo que eu não fazia ideia do que era ser mãe. Eu não tinha noção de como uma criança – imagina agora que são duas – muda a nossa vida, eu não sabia como o cansaço e a privação de sono podem ser devastadores e eu também não tinha ideia da minha força.

Quando engravidei e comecei a me preparar de verdade pra chegada do Bê, eu oscilei entre me sentir muito pronta e a vontade de sair correndo e pedindo socorro – nada mudou!

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Quando eu estava com 32 semanas de gestação da Laura (lá pelo sétimo mês) eu tive uma dor muito forte na barriga, na altura das costelas e era uma crise de vesícula. Eu sabia que eu tinha pedras na vesícula mas elas nunca tinham me incomodado, sempre foram tão quietinhas e a gente convivia bem – pasmem, eu tinha quase 30 pedrinhas! E eu fui pro hospital, fui medicada com tanto remédio pra dor quanto eu podia tomar estando grávida e fui avaliada com todos os exames possíveis. A Laurinha era muito pequena pra nascer e muito grande pra eu poder operar então seguimos assim com uma crise forte de dor por semana até ela nascer e toda semana eu ia pro hospital pra ser avaliada.

Lembra que eu tinha um outro bebê de um ano e dois meses em casa?

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Pois é. Eu como crises de dor fortíssimas, frequentadora assídua da maternidade, o papai se dividindo entre cuidar do Bê, da casa, da vida e de mim… Foram dois meses longos.

Nesse momento eu passei a me sentir a pior das mães do mundo.

Eu não estava conseguindo ter uma gestação tranquila, eu tomava muitos remédios pra dor, chorava muito, tive crises nervosas e sentia que não estava fazendo o meu melhor pela Laura. Ao mesmo tempo eu me sentia uma péssima mãe para o Bê, alguns dias eu mal o via porque não saia da cama, eu ouvia ele me chamar, sabia que ele estava sentindo a minha falta. E eu me sentia uma péssima mãe dos filhos do Eduardo porque eu sabia que as coisas estavam difíceis pra ele também, cuidar do Bê, trabalhar e cuidar de mim nesse caos todo, não tava fácil.

Poucas semanas depois que a Laura nasceu, eu tirei a vesícula e fiquei esperando a vida voltar ao normal, esperando a sensação de ser uma mãe não tão boa passar, mas ela não passava.

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Não passava porque eu estava me espelhando em um ideal de mãe que não existe, que eu criei na minha cabeça. Eu queria ser a mãe que tem o controle de tudo, que fazia tudo do melhor jeito possível mas eu sentia dor ainda, eu estava física e psicologicamente cansada.

Eu honestamente, ainda estou, cuidar de dois bebês é cansativo, mesmo na minha realidade de comercial de margarina em que o pai dos meus filhos contribui tanto quanto eu pra nossa família e muitas vezes até mais que eu.

Mas hoje eu estou cansada porque os dois exigem muita atenção mesmo, é o esperado mas psicologicamente, eu consegui deixar de estar tão cansada e eu vou explicar como.

Como deixei de estar tão cansada?

Um dia eu percebi que eu queria muito ser a mãe que eu achava perfeita e tentar ser essa mãe, além de cansativo, não é possível. Então eu decidi, como falei no início do texto, abraçar a mãe perfeita que eu sou capaz de ser.

Eu olhava pro Eduardo irritadíssima porque pra ele estava tudo bem se não estivesse tudo perfeito… e eu comecei a fazer o mesmo. (Obrigada por mais esse ensinamento, papai).

Eu comecei a entender que estava tudo bem se eu não controlasse tudo.

Depois disso eu passei a tentar fazer o máximo que eu podia, sendo gentil comigo, um dia por vez. Tem dias que eu gabarito a cartilha da mãe perfeita que eu lia antes, mas tem dia que eu dou comida na frente da TV, sem me preocupar com a bagunça, porque é o meu máximo do dia.

Depois disso começou a sobrar um tempinho e eu fui cuidar de mim. Fui ao salão – com pressa, mas fui -, fiz uma massagem que eu tanto amo, comprei umas brusinha, achei um nutricionista, mandei um Oi sumida pra academia e um tempo depois até comecei a ir lá. Me comprometi a ir três vezes e ficar uma hora lá, mas semana passada só fui duas vezes e tá tudo bem. Ontem minha janta foi um daqueles pratos que a gente manda foto pro nutricionista, sexta até levei Whey e frutas pro trabalho, mas outro dia jantei dois pedaços de pizza.

E tá tudo bem, viu?!

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A gente precisa descobrir como se salvar sozinha as vezes, nem sempre o outro, por mais bem intencionado que seja, pode nos salvar. Quando temos um filho, nossas motivações mudam e a gente precisa descobrir como fazer a gente feliz primeiro pra poder ser a melhor mãe possível pros nossos filhos.

Te convido a fazer o mesmo!

Então, se você também se sente sobrecarregada tentando ser a mãe perfeita, eu te convido a fazer o mesmo: abrace a mãe perfeita que você é capaz de ser. Faça o seu melhor dentro do que é possível hoje, sem se cobrar além da conta. E, sempre que puder, escolha algo que te faça bem, porque uma mãe feliz também cria filhos felizes. Me conta aqui: o que você faz por você no meio do caos da maternidade?

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