No nosso primeiro texto aqui na Tribuna do Paraná – “O motivo pelo qual você não está aproveitando a vida” -, eu comentei sobre a carência de bons materiais sobre gestão do tempo, embora este assunto seja de extrema importância para termos uma vida plena. Falei também da necessidade de se ter educação para fazer bom uso da tecnologia disponível, com o objetivo de aproveitarmos melhor o nosso tempo.
No texto de hoje, vou comentar sobre um dos aplicativos mais usados no mundo e que pode se transformar num monstro devorador de tempo, nos afastando dos nossos objetivos e diminuindo nossa satisfação: o WhatsApp. Mas calma, nem tudo está perdido! Comentarei também sobre o que podemos fazer para aproveitar o que a tecnologia tem de melhor sem sermos afetados por esses efeitos negativos. Vamos lá.
Antes de mais nada, preciso deixar uma coisa bem clara: sou totalmente a favor da tecnologia. Sou engenheiro de formação e professor por opção, e uma das disciplinas que ensino é “Inovação e Sustentabilidade”. O que me chama a atenção, entretanto, é a falta de discernimento que nós temos na hora de usá-la, e o WhatsApp pode ser um grande vilão nessa história.
Em setembro de 2017, um amigo instalou um aplicativo que media a quantidade de horas que outros aplicativos foram usadas no seu smartphone. Para a sua surpresa, ele tinha passado 24 horas (um dia inteiro!) usando o aplicativo naquele mês. Isso não deveria nos espantar. Em qualquer lugar público que você vá, você vai encontrar pessoas trocando mensagens instantâneas (inclusive nas minhas aulas, onde reparo que sempre têm alguns alunos conversando sem fazer barulho). A questão é: será que estamos usando o aplicativo racionalmente?
Com certeza, não.
Será que os prejuízos de tempo não superaram os benefícios do aplicativo?
Com certeza, sim.
Não pretendo ter um discurso hipócrita ou vazio, dizendo para você parar de usar o aplicativo imediatamente, porque eu também uso. Mas trago a seguir 5 reflexões que te ajudarão a fazer um uso mais consciente dessa ferramenta incrível:
1) Evite compartilhar fotos, piadas, vídeos, frases prontas ou qualquer outro material deste tipo.
Este hábito não traz satisfação e nem aumenta nossa qualidade de vida. Simplesmente, não vale os minutos gastos diariamente com isso. Lembre-se: o objetivo é ter mais tempo, e o mundo real continua sendo mais interessante do que o virtual;
2) Antes de mandar mensagens para alguém, pense sobre o teor da conversa.
Se você quer combinar algo rápido, como: “te busco às 18h no trabalho” ou “vc prefere pizza de calabresa ou de frango?”, o aplicativo funciona excepcionalmente bem. Por outro lado, se você tem que pedir uma informação com algum detalhamento técnico, ou discutir algum tipo de negociação, o aplicativo funciona mal. A começar pelo teclado touch screen dos smartphones, que ainda não é tão confortável e preciso como o teclado de um computador (se eu fosse escrever este texto no meu smartphone, levaria 3x mais tempo). Em outras palavras, você vai gastar muito mais tempo digitando (e brigando com o corretor automático) do que gastaria se escrevesse um e-mail no computador. Além disso, o acesso posterior às mensagens fica comprometido, já que ela fica perdida no meio da conversa (resgatar um e-mail antigo é muito mais fácil);
3) Antes de mandar mensagens para alguém, verifique sua urgência em receber a resposta.
É curioso reparar como as pessoas ficam apreensivas quando precisam de uma resposta imediatamente e ela não vem (já cansei de ver pessoas olhando para a tela do WhatsApp sem fazer nada, simplesmente esperando uma resposta chegar). Ora, nunca se esqueça que seu smartphone é, antes de tudo, um telefone! Quando se quer uma resposta com urgência, ligar sempre funcionou muito melhor – até para demonstrar para a outra pessoa que você quer entrar em contato com ela naquele exato momento.
4) Perca o hábito de verificar seu smartphone.
Essa dica é válida para redes sociais e e-mails também, mas esse é assunto para outro post. Em um estudo realizado em 2015 pela Nottingham Trent University, na Inglaterra, concluiu-se que as pessoas checam seus celulares 85 vezes por dia, e passam 1/3 do período que estão acordadas com o celular na mão. Para mim, isso beira o absurdo. Quanto tempo de vida jogado fora! A verdade é que criamos o hábito de manusear esses aparelhinhos que carregamos o tempo todo, e fazemos isso de forma inconsciente – quem é que nunca desbloqueou seu celular sem ter nenhum motivo aparente?
A dica de ouro é perder esse hábito, que fomos criando com o passar do tempo sem nem mesmo perceber. Desabilite as notificações de mensagens do WhatsApp, redes sociais e e-mails. Elas não são urgentes como podem parecer (se algo for urgente, fique tranquilo que vão ligar para você). Reserve períodos específicos no dia para responder às mensagens do WhatsApp: isso faz você se concentrar em responder tudo de uma vez só, e evita que você seja interrompido o tempo todo para responder as mensagens.
5) Não seja mal educado: evite utilizar o telefone quando estiver na presença de outras pessoas.
Essa não é só uma dica para ganhar tempo, mas uma questão de educação também. É muito chato quando você está com alguém e a pessoa fica compenetrada no celular, desconectada do mundo à sua volta. Fico perplexo ao observar famílias, amigos e casais em restaurantes ou bares, cada um vidrado no seu smartphone. Qual o objetivo de sair de casa, se for para fazer isso? Por mais paradoxal que seja, as pessoas nunca foram tão carentes de atenção quanto na era da conectividade. Da próxima vez que sair por lazer, tente deixar o celular de lado, no silencioso, e aproveitar os lugares e as pessoas. Viver com qualidade de vida tem muito a ver com isso: desfrutar ao máximo o que cada momento pode trazer. Mais uma vez, fique tranquilo… se algo for urgente, vão ligar para você!
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