“Meu cachorro comeu o documento”

Vacina contra a covid-19. Foto: Pexels

As justificativas para escolher a marca da vacina são inúmeras, criativas e, em alguns casos, bizarras. Na fila de um posto de saúde nesta semana, acompanhando minha esposa, presenciei, em menos de 10 minutos, três pessoas com idades superiores às da vez tentando tomar a vacina. Talvez pelo mesmo motivo que levou um rapaz a comemorar, ao sair do local: “Uhuuu. Dose única”.

A primeira chegou esbaforida dizendo que não pôde tomar a vacina na data certa porque estava doente com covid. A segunda afirmou que estava viajando e não conseguiu voltar a tempo. E a terceira? Bom, a terceira não falou que o cachorro comeu o documento, mas todas essas justificativas me lembraram muito a velha desculpa do aluno que não conseguiu entregar a tarefa de casa.

Se eu presenciei isso em tão pouco tempo, imagino os valorosos e dedicados profissionais da saúde que estão na linha de frente da vacinação nos últimos meses. Tanto é que a Prefeitura de Curitiba anunciou, nesta quarta, que quase 10 mil pessoas com idade acima da faixa convocada no dia anterior compareceram para se vacinar. E o número previsto para o dia era de 19 mil.

É muita gente que deixou para depois. Claro que uma parcela tem algum motivo justificado. Mas todas? Impossível. Vacina boa é vacina aplicada. Vacina boa é vacina no braço.

Milhares de pessoas não tiveram essa oportunidade. Milhares de pessoas morreram, mas a grande maioria ainda estaria aqui conosco se tivesse tomado a vacina. E, por isso e pelas famílias que perderam parentes e amigos, concordo com a “repescagem” das idades, adiando a data, sem possibilidade de escolha da marca. E assim agiliza a vacinação de quem quer viver bem.

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