O sotaque baiano dos personagens de Segundo Sol chama a atenção. Cada personagem fala de um jeito – alguns falam lentamente como se estivesse sempre deitado numa rede. Este é o caso de Beto Falcão (Emilio Dantas). Mas ator carioca tem conseguido convencer que é um baiano da boa terra.
Já Luísa Arraes, apesar de ser uma atriz talentosa, tem sofrido para reproduzir o sotaque local. Especialmente em cenas em que Manuela está sob efeitos das drogas. Aí ela esquece completamente da pronúncia baiana e emplaca aquele carioquês.
Bom, a situação remete a 1993. A novela das 18h Sonho Meu se passava em Curitiba. – a única novela da Globo que foi contada inteiramente na capital paranaense. Porém, nenhum personagem falava “leite quente” ou chamava salsicha de vina. Enfim, não houve uma produção no quesito sotaque.
Bem diferente das tradicionais novelas com personagens nordestinos, sucesso nesta mesma época. Muitas vezes, nas produções nordestinas o sotaque era caricato, exagerado, como aconteceu em novelas como Renascer (1993) e Pedra Sobre Pedra (1992).
Já em A indomada (1993) os personagens falavam em português com sotaque nordestino e americanizado. A novela se passava em Greenville, cidade fictícia do litoral de Pernambuco, construída no estilo da antiga Inglaterra. Orgulhosos da sua cidade, que diziam ser “um pedaço da Inglaterra no Brasil”, os greenvillenses seguiam à risca as tradições britânicas e não abdicam nem do “chá das cinco”, o “five o’clock tea”.