Hoje é comum conhecer pessoas em aplicativos de relacionamento, falar com com muita gente no virtual. Mas, em 1995, quando Gloria Perez escreveu a novela das 20h da Globo Explode Coração (reprisada atualmente no Canal Viva), era tudo bem diferente. A autora foi bastante criticada na ocasião porque estaria incentivando às pessoas a se relacionarem somente com o mundo virtual. Edu (Cassio Gabus Mendes) e Yara (Deborah Evelyn) não se conheciam pessoalmente, apenas trocavam mensagens de texto em e-mails – o máximo que a tecnologia da época permitia dentro da internet.
A questão abordada era se Edu estava ou não perdendo o tempo com uma relação virtual com uma pessoa que ele não conhecia pessoalmente e sequer tinha mais informações, fotos e outros detalhes. Era bem mais difícil obter informações sobre quem estava atrás do outro computador.
Para a maioria dos telespectadores na época, acesso à internet era coisa do outro mundo. Por isso, o tema não prendeu a atenção das pessoas. Era uma realidade muito distante, principalmente para a grande audiência da novela.
Por outro lado, Gloria Perez também discutia aspectos positivos da nova tecnologia. Explode Coração foi fundamental em uma campanha de crianças desaparecidas. A novela mostrava como sites na internet podiam ajudar a localizar as crianças, ao espalhar as informações dos desaparecidos pela rede mundial de computadores. Na época mais de 60 crianças foram localizadas com a campanha.
Por fim, já se discutia a validade de documentos obtidos pela internet para provar crimes políticos. As provas documentais em papel contra Júlio Falcão (Edson Celulari) foram queimadas, mas a personagem Yara, que era jornalista, tinha as provas arranjadas por um hacker de internet, Edu, aquele cara que ela conheceu no mundo virtual. Desta forma, a carreira política de Júlio Falcão foi ameaçada. Discussões que continuam valendo 20 anos depois.