Política em série

Como vocês já sabem, a nova minissérie da Record, Plano Alto, estreou na última terça-feira, propondo uma reflexão sobre política partindo da década de 1960 aos dias atuais. Até os blacks blocs vão aparecer na trama dirigida por Ivan Zettel. Aliás, a ligação do diretor com o tema não é novidade.

Na Rede Globo, em 1992, Zettel esteve no comando de Anos Rebeldes, minissérie que contava a saga de João Alfredo (Cássio Gabus Mendes), filho de família de classe média que decidiu entrar na guerrilha armada contra o golpe militar de 1964. Pela escolha política, o rapaz participa de sequestro de embaixadores, vive na clandestinidade e acaba abrindo mão da sua paixão da juventude, Maria Lúcia (Malu Mader), filha de um jornalista de esquerda que é preso no Departamento de Ordem Política e Social (DOPS).

Pouco tempo antes de sua estreia, a minissérie teve de ser reescrita do 11º ao 14º capítulo. O vice-presidente de operações da emissora na época, José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, achava que o autor Gilberto Braga havia exagerado nas questões políticas da trama, deixado o romance de João Alfredo e Maria Lúcia de lado.

Em Anos Rebeldes, a história termina em 1979, ano da anistia dos presos políticos. Já em Plano Alto, chegaremos aos dias atuais. Nos primeiros capítulos, ainda não é possível notar de que forma essa passagem de tempo será trabalhada na série de Zettel.

Mas, mesmo cercada de expectativas e com grande repercussão na imprensa por conta das associações políticas em período eleitoral, a trama marcou apenas cinco pontos de média e ocupou o terceiro lugar no Ibope. De qualquer forma, o investimento por séries curtas é uma opção inteligente para segurar o telespectador. A paciência das pessoas com as novelas de quase 200 capítulos foi engolida pelas novas mídias e tecnologias. É só parar pra pensar: quantos capítulos de novela você assistiu na íntegra recentemente?