O “sincericídio” de Betty Lago

No último final de semana, perdemos Betty Lago, vítima de câncer. A coluna presta uma homenagem à atriz contando um período pouco explorado da carreira da atriz. O ano era 1992. A minissérie, Anos Rebeldes, de Gilberto Braga. Na trama, que contava a história do golpe de 1964 até o período da anistia, em 1979, Betty fazia a sua primeira aparição na teledramaturgia brasileira.

Ela já tinha quase 40 anos. Havia encerrado a carreira de modelo internacional alguns anos antes. O papel escrito para ela era Natália, esposa de Fábio (José Wilker), um megaempresário que defendia a intervenção militar no país. Natália sofria com as traições do marido, sempre divulgadas em colunas sociais de jornais cariocas. Depois de tanto sofrer, ela conhece o professor de história Avelar (Kadu Moliterno) e vive uma história de amor, chegando a morar com ele no exílio em Paris. Avelar, ao contrário de Fábio, lutava, com cartas e publicações em jornais, contra a ditadura.

Para quem conheceu Betty Lago nas comédias rasgadas de Carlos Lombardi, como Quatro por Quatro (1994), e no Saia Justa, do canal a cabo GNT, não imagina que ela começou na TV com uma personagem de carga dramática e sofrida como Natália. A atual equipe do Saia, formada por Astrid Fontenelle, Maria Ribeiro, Mônica Martelli e Barbara Gancia relembrou características marcantes da personalidade da atriz. Segundo Astrid, Betty era muito espontânea e tinha o “sincericídio” como uma de suas principais qualidades. A atriz, que destacou tanto no humor, era capaz de representar um drama sincero quando queria.