Em 1989, ano da primeira eleição presidencial direta, com voto popular, depois dos mais 20 de Ditadura Militar, a Rede Globo produziu a novela O Salvador da Pátria. A história contava a saga de Sassá Mutema (Lima Duarte), um boia-fria que ganha popularidade, mesmo com a tentativa de incriminá-lo feita pelo deputado federal Severo Blanco (Francisco Cuoco) pela morte da amante dele, Marlene (Tássia Camargo).
Severo faz com que o ingênuo Sassá se case com ela para desviar as atenções de seu adultério com Marlene. O fato chega a Juca Pirama (Luiz Gustavo), um radialista que explora demagogicamente o episódio. Logo, um duplo homicídio vitima Marlene e Juca, e tem o boia-fria como principal suspeito. Sassá vai preso, mas consegue provar a inocência com a ajuda da professora Clotilde (Maitê Proença).
Sassá ganha popularidade, e com o apoio dos poderosos da cidade, acaba se tornando prefeito de Tangará. No poder, procura fazer uma gestão independente e abandona até os amigos mais próximos. Isso cria uma revolta popular e o povo pede a saída dele do cargo.
Até mesmo da professora Clotilde, o ex-boia-fria termina se afastando. A trajetória de Sassá de ascensão ao poder tinha semelhança com o então candidato à presidência na época Luiz Inácio Lula da Silva. Nesta eleição presidencial, a primeira com voto direto, após o regime militar, Fernando Collor de Melo acabou vencendo. Em 1992, Collor também acabou deixando o poder após sofrer um processo de impeachment e, a exemplo de Sassá, também viu sua popularidade minguar.
A ficção virou realidade, mas com outro candidato de origem bem diferente à do boia-fria. Muito tempo depois, em 2018, Lula acabou preso. O Salvador da Pátria acertou de qualquer jeito. A ficção virou realidade. Relembre as mortes de Juca Pirama e Marlene em que Sassá teria sido o culpado.