Candinho e Didi Mocó

Como você já deve saber, Êta Mundo Bom’ estreou nessa semana na Globo. A novela das 18h traz a fantasia, a inocência, o saudosismo, a história. É uma tentativa de repetir o sucesso de O Cravo e a Rosa (2000). As duas tramas têm a assinatura de Walcyr Carrasco e trazem bichos, fazendas, crianças, mato, de um tempo distante da tecnologia. Alguns telespectadores já notaram que Êta Muito Bom tem um caipira chamado Candinho, vivido agora por Sérgio Guizé e que fez sucesso na pele de Amácio Mazzaropi nos cinemas em 1954, ainda em preto e branco.

O filme com Mazzaropi no papel de Candinho foi rodado na época de ouro do rádio. A TV ainda engatinhava no Brasil, acreditem! Só tinha chegado ao país quatro anos antes. Estrelas do rádio muitas vezes eram fisgadas para o cinema. Adoniran Barbosa, compositor de o Trem das Onze, foi quem interpretou o Professor Prancácio no longa. E o personagem ainda inspirou o humorista Renato Aragão na criação do personagem Didi Mocó.

Candinho foi um dos grandes sucessos da Companhia Cinematográfica Vera Cruz. Lá, foram produzidos mais de 40 filmes entre o fim da década de 1940 e início dos anos 1950. O reconhecimento internacional da Vera Cruz veio com O Cangaceiro, premiado no Festival de Cannes. Antes, o diretor Lima Barreto já havia sido premiado, mas por curta-metragens: em 1950, fez Painel e Santuário, sobre as pinturas de Aleijadinho. Mas, infelizmente, a concorrência de produções estrangeiras e a dificuldades de distribuição dos filmes obrigou a companhia a encerrar as atividades logo após a finalização de Candinho.

Apesar do pouco tempo de existência da Vera Cruz, Mazzaropi tornou-se um campeão de bilheteria no cinema da década de 1970. Curiosamente, Renato Aragão, com Os Trapalhões, lotava as salas nos anos seguintes. Confira um trecho do filme Candinho com a participação de Adoniran Barbosa, no Youtube (abaixo). Perceba a semelhança entre o personagem de Mazzaropi e Didi Mocó de Renato Aragão!