João Carlos Barroso, que faleceu vítima da câncer, aos 69 anos, era figura carimbada em novelas e programas humorísticos da Globo nos de 1970 e 80. Difícil não lembrar de Toninho Jiló nas duas versões de Roque Santeiro, na cesurada pela ditadura militar que nem foi ao ar, em 1975, e dez anos depois na versão considerada um dos maiores sucessos da tv brasileira. Lima Duarte era outro ator que estava nas duas versões e no mesmo papel, Sinhozinho Malta.
A novela de Dias Gomes só foi pro ar com a redemocratização do país. Toninho Jiló era guia turístico sem formação. Morador de Asa Branca, cidade fictícia do nordeste brasileiro, o simpático guia levava por fora a sua propina com a negociação de santinhos, velas e artigos dos Zé das Medalhas. A dupla usava a fé dos seguidores de Roque Santeiro para isso. Mesmo depois de saber que Roque não era santo e não havia morrido, todo o povo de Asa Branca seguiu com a sua fé no mártir da cidade – essa era a crítica da novela de Dias Gomes que foi censurada pelos militares.
Compare as cenas de Roque Santeiro da versão censurada de 1975 com a versão exibida em 1985.
Barroso ganhou destaque também em programas de um humor com Os Trapalhões e muitas novelas das seis de sucesso. Sua última participação em novela foi em Sol Nascente (2016), no qual interpretou o delegado Mesquita. Fará falta.