Na minha clínica, um levantamento recente mostrou que oito em cada dez pacientes se queixam de intestino preso ou obstipação.
Também chamada prisão de ventre, obstipação se caracteriza pela dificuldade constante de evacuar, fazendo com que as fezes acabem se tornando ressecadas. Não considero a obstipação uma doença, mas um defeito de função.
Está associada à sensação de inchaço, de ganho de peso, distensão abdominal e dor pélvica. É tão comum que se confunde muitas vezes no diagnóstico diferencial com a doença inflamatória pélvica (DIP).
Estar obstipada, para a mulher, significa estar inchada, mal-humorada, e o que é pior, traz problemas até mesmo na vida sexual. Mais que 50% delas se sentem menos confiantes para manter relações sexuais, e pior, quando tentam, sentem dor durante o ato.
Estatisticamente, a obstipação afeta mais as mulheres do que os homens devido a fatores hormonais, mas a grande verdade é que são os fatores sociais e culturais os mais determinantes da obstipação na mulher. Outros fatores seriam a falta de fibras alimentares na dieta, falta de atividade física, medicações, mudanças na rotina de vida (como viagens) e principalmente o abuso do uso de laxantes.
Mas, em especial, tem que se entender que cada mulher tem seu hábito para evacuar e isto está muito relacionado ao respeito que se tem pelo corpo, visto que o reflexo gastro-cólico, aquele desejo de evacuar após as refeições, em geral, nunca é respeitado pelas mulheres.
Por isso, aqui algumas dicas para harmonizar com seu intestino: tome muita água, mantenha a atividade física, não esqueça das fibras na sua alimentação, nunca abuse de laxantes ou use medicamentos sem orientação médica. Mas, principalmente, mantenha o respeito pelo seu corpo, evacuando sempre que ele sinalizar. Mulheres são educadas desde cedo a não evacuar e nem soltar gases em locais “inapropriados” e, por isso, ficam obstipadas. Ora, já conquistamos tantas coisas, esta não seria nenhuma glória. Por isto, se eles podem, nós também podemos.
Se você tem alguma dúvida, converse com seu médico.