O Enem e a saúde da mulher

Neste ano, o tema da redação do Enem abordou a violência contra a mulher, por isso gostaria de expressar aqui os meus parabéns ao Exame Nacional de Ensino Médio (Enem). Mais de 7 milhões de estudantes do ensino médio participaram das provas e o tema vem contemplar a luta de milhares de mulheres que enfrentam a violência.
Todas as formas de violência são inadmissíveis.

A lei 11.340 / 2006, conhecida como lei Maria da Penha, que pune o agressor e tipifica exemplarmente a violência, tem se mostrado pouco eficiente para acabar com esta chaga. Outras medidas são urgentemente necessárias para este enfrentamento.

Por isso precisamos abrir frentes de discussão e conscientização para o entendimento e a busca de soluções, que não ocorrerão a curto prazo. Caso contrário, viveremos a banalização de mais uma violência.

Desta forma, trazer para o Enem um tema tão atual irá permitir que cada um daqueles milhões de estudantes interiorizem uma reflexão, ou porque são vítimas, ou porque conhecem vítimas.

As estatísticas são aterrorizantes. São computados segundo o IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) 50 mil estupros por ano no Brasil, incluindo aqui mulheres adultas e crianças, sejam meninas ou meninos. Em relação ao total das notificações ocorridas em 2011, 88,5% das vítimas eram do sexo feminino, mais da metade tinha menos de 13 anos de idade, 46% não possuía o ensino fundamental completo (entre as vítimas com escolaridade conhecida, esse índice sobe para 67%), 51% dos indivíduos eram de cor preta ou parda e apenas 12% eram ou haviam sido casados anteriormente. Por fim, mais de 70% dos estupros vitimizaram crianças e adolescentes. Tal dado é absolutamente alarmante, uma vez que as consequências, em termos psicológicos, para esses garotos e garotas. são devastadoras.

Não dá para ficar indiferente. O fim da violência começa dentro de cada um de nós.