Mulheres, temos uma Copa a vencer!

Fracassar no futebol, na Copa do Mundo, me fez refletir sobre outra Copa que devemos sempre vencer: da saúde, da segurança e do respeito às mulheres. Forma estranha esta que temos de ver nossas perdas e ganhos…

Só para começar, a Secretaria Estadual de Segurança Pública de São Paulo declarou que, neste ano, já foram registradas quase 300 ocorrências de assédio sexual contra mulheres em locais públicos, sendo 17 no transporte coletivo e 13 nos pontos de ônibus. Mas a coisa não fica restrita apenas a lugares públicos. Recentemente mulheres assediadas dentro do ambiente de trabalho resolveram não deixar o assunto passar em branco e denunciaram o que já estava insuportável.

Inaceitável, intolerável, absurdo e criminoso é o mínimo que se deve pensar sobre homens “encoxando” mulheres nos ônibus ou as pressionando com seus comentários nojentos e desrespeitosos. Eu sei bem como estas mulheres se sentem. Correndo nas ruas de Curitiba, ouço com frequência tais comentários.

E a saúde, meninas? Esperar meses na fila de quimioterapia para tratar um câncer de mama que consome nossa saúde, nossa autoestima e sela o futuro de nossos filhos, muitos ainda pequenos e dependentes. As estatísticas mostram que em 2011 morreram 13.225 mulheres, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA). Muitas por falta de diagnóstico e tratamento eficiente.

Além disto, as políticas públicas insistem em atuar na saúde sempre atrasadas. Esquecendo que a medicina preventiva sempre será a melhor. Veja, por exemplo, a vacina do HPV, vírus responsável pelo câncer do colo uterino, que somente está liberada para meninas de nove a 13 anos, como se as demais adolescentes e mulheres adultas não representem um enorme grupo de risco. Absurdo, falta de planejamento e descaso com a mulher.

Esta, entre outras, são “as Copas” que precisamos vencer. Está na hora de assumir as coisas de frente e de uma vez por todas entender que o “jeitinho brasileiro de ser” não tem mais espaço. Não há tempo a perder, temos um enorme trabalho pela frente. É urgente uma mobilização para mudanças de atitude e do curso da história, da qual somos todas protagonistas.