Dúvida de consultório: quando engravidar?

Não é nenhuma novidade que a mulher, nos últimos dez anos, veio ainda mais para o mercado de trabalho, conquistando espaços que antes eram exclusivos dos homens. Somou a responsabilidade do lar a do trabalho. E, por isso, enfrenta decisões que demandam reflexão e coragem. Com o passar dos anos, vem sempre a dúvida de qual o momento de engravidar, e, mais do que isso, vem a dúvida se realmente quer engravidar.

Tenho observado de perto, no consultório, essas mudanças. Anos atrás, quando uma mulher encontrava um companheiro para sua vida, a ideia do casamento era praticamente o próximo passo, o que seria seguido rapidamente pelo momento de ter filhos. Hoje, observo a mulher vivendo uma transição de comportamento e de consciência do papel que representa sua vida para ela mesma e para sociedade que ajuda a construir.

Apesar de todo avanço na medicina reprodutiva, ainda é difícil responder com total certeza qual o limite seguro para engravidar. Falamos que o ideal é que a mulher engravide antes dos 35 anos de idade, mas isso pode ser cedo para algumas ou tarde para outras.

Dados recentes do governo federal têm mostrado que 40% das famílias brasileiras tem a mulher como a mantenedora, responsável pela casa e filhos. Além disso, representa a principal força de trabalho e mão de obra em muitas áreas. Também pudera, representamos 51% da população, de acordo com o último Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Tudo isso conta muito na hora de tomar essa decisão.

Por outro lado, parece polêmico, mas o fato de mulheres possuírem útero, órgão reprodutor, tem representado obrigatoriedade de gestar para muitas delas. Observo que quando existe a dúvida, a opção acaba por ser a mais secular das decisões. Há séculos, mulheres dedicam a vida para a educação dos filhos, para a cozinha, para o pastoreio e para tantas outras funções caseiras e sociais. O que movia esta mulher hoje parece ter mudado. Fato é que alguma coisa está diferente, o que demanda reflexão e certamente coragem. Temos uma nova mulher, talvez o que precisamos é de um novo homem.