A pessoa com carência emocional pode se tornar dependente, sentindo-se incapaz de enfrentar suas dificuldades e frustrações sozinha. Costuma ter medo de ser rejeitada, o que a leva a ser muito “boazinha”, dizendo muitos “sim” para os outros e muitos “não” para si mesma. Com isso ela se abandona, “perdendo a sua identidade”, ficando ainda mais insegura e mais dependente dos outros. É importante a pessoa romper esse ciclo e se tornar “dona de si”, fazendo valer as suas vontades e opiniões.
O medo da rejeição é aprisionante e faz com que a pessoa se sacrifique para manter suas amizades ou relacionamento amoroso (mesmo quando essas relações não são saudáveis). Normalmente ela é muito suscetível a qualquer crítica ou reprovação de seu comportamento, por esse motivo ela evita discussões e não expressa seus desejos, sempre tentando agradar e fazer o que o outro quer. Apega-se e se sente dependente dos outros porque acredita que não consegue decidir ou resolver as situações sem a presença ou apoio de alguém. Isso pode acontecer porque normalmente a pessoa:
-Teve pais ou cuidadores super protetores, que não a permitiram tentar fazer ou resolver as coisas sozinha. Alguém sempre decidia e agia por ela. A falta de treino e liberdade para tomar suas próprias decisões a torna dependente emocionalmente, pois acredita que é incapaz de conseguir sem a ajuda ou aprovação do outro.
-Alguém que não teve os pais ou cuidadores muito presentes, que se criou “largada”, que não se sentiu amada o suficiente ou sofreu violências durante a sua infância e adolescência. Geralmente essa pessoa busca alguém que a dê atenção, que diga que ela tem valor e que sua companhia é importante. A pessoa fica muito ansiosa para ser aprovada e a escutar que ela pode ser amada.
Somos seres sociais, por isso não há nada de errado pedir ajuda aos outros, querer ser reconhecido, desejar compartilhar experiência com os amigos, familiares. O problema é quando a pessoa acha que sem o outro não conseguirá viver ou fazer a “escolha certa”. Ou ainda quando a pessoa “dá” muito e recebe pouco, quando ela se dedica muito mais a relação que o outro (seja porque ela não tem limites, ou porque o outro não dá o devido valor). É fundamental o equilíbrio nas relações, a troca de carinho deve ter certa igualdade e ser proporcional, porque senão alguém corre o perigo de sair perdendo e se anular.
Dicas para a pessoa conseguir se “libertar” dessa dependência emocional e não precisar do outro o tempo todo:
–Aprenda a se elogiar e se valorizar. Reconheça as suas qualidades, suas conquistas e o seu potencial para conseguir fazer as coisas sozinho.
-Não deixe nas mãos dos outros a sua felicidade. Assuma a responsabilidade por você e por suas escolhas. Acredite que você é capaz e se arrisque. Se você não tentar, nunca vai saber se é possível conseguir (mas entenda que nem sempre conseguimos tudo que tentamos, faz parte errar. Isso faz parte do treinamento para as futuras conquistas).
-Curta os momentos consigo mesmo. Perceba que a melhor companhia que você pode ter é a sua. Faça atividades prazerosas na sua companhia. Entenda que é possível ter bons momentos sem a presença dos outros.
–Selecione as suas amizades e conviva com pessoas que te valorizam e te tratam com respeito. Não esteja sempre disponível para o outro abrindo mão de você mesmo. Também você não precisa concordar com tudo que te dizem. Não aceite ameaças e chantagens, não se prenda ao seu medo de ser “abandonado”. Se o outro não aceita que você diga alguns “não”, se ele não concorda com os seus limites, talvez signifique que ele não te mereça.
–Deixe os outros irem atrás de você também. É preciso o equilíbrio, às vezes você liga para o seu amigo ou para o seu namorado, mas deixe eles também fazer esse movimento de ir ao seu encontro, dê tempo para eles sentirem a sua falta. De certa forma, a relação precisa ficar num patamar de igualdade e de valorização. Pode ser sinal de alerta se só você costuma ligar para os outros, e os outros nunca te ligam.
É necessário reconhecer as próprias dores emocionais, dessa forma a pessoa pode entender melhor o que a leva se sentir dependente emocionalmente dos outros, aumentando o seu autoconhecimento para não precisar de alguém a cada angústia ou sofrimento. Ao se entender melhor, a pessoa pode manter um maior o controle sobre si, sobre seu corpo e seus pensamentos, sobre a sua própria vida. É indicado o acompanhamento com o psicólogo quando a pessoa não consegue se “livrar da dependência emocional”.
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