Muitas pessoas tiveram educação mais rígida. Eram muito cobradas desde a infância, e sentiam que não podiam decepcionar os pais, nem podiam reclamar de suas dores ou de suas dificuldades. Deviam estar sempre dispostas a ajudar os outros, mesmo quando não pudessem ou não quisessem. Cresceram com um sentido na vida: “quem não vive para servir, não serve para viver”. Aprendem desde muito novas que precisam ser úteis, como se esse fosse o destino na vida delas. Por exemplo, a pessoa tem a convicção de que:
– “Tenho que ter uma atividade e render ao máximo, sendo o melhor e mais eficiente”: Para se sentir bem consigo mesma, ela imagina ser necessário trabalhar muito, não podendo parar, precisando mostrar serviço, sendo quase “perfeita”, tirando 10 em tudo que faz.
– “Tenho que ajudar o máximo de pessoas que eu puder”: Acredita que deve estar sempre disposta a ajudar, sendo o pilar na vida dos outros, dizendo “sim” aos pedidos de “socorro” de colegas e também de familiares.
A ideia de ser útil quando está servindo alguém ou então quando está trabalhando é perigosa. Pode se tornar escrava desse pensamento de ser “produtiva o tempo todo”, não conseguindo relaxar, se tornando uma workaholic (viciado em trabalho) ou uma pessoa que faz tudo pelos outros a toda hora. Nesse ritmo a pessoa fica ansiosa, endurecida e mais rigorosa, ela vai além dos próprios limites, não conseguindo descansar e nem relaxar, ficando exausta. Se ela parar para relaxar ou fazer algo para si, a pessoa se sente inútil e incompetente.
Com esse jeito, a pessoa não presta atenção no seu corpo e na sua mente, nas suas necessidades e nas suas dificuldades. Costuma ser prestativa com aqueles que estão a sua volta, mas entende que os outros não precisam ser da mesma forma, ela resiste aceitar ajuda dos outros. Cria uma armadura que esconde os seus sentimentos e os seus desejos. Ela se abandona e faz com que os outros não a enxerguem de verdade, não vejam as suas fragilidades e suas angústias.
Vive apenas o papel de “faz tudo” e de cuidadora. Anula ou então limita as outras áreas de sua vida, principalmente o campo de diversão e do cuidado com a saúde. A pessoa não dá espaço para conhecer e viver aquilo que pode trazer simplicidade na sua alegria e prazer. A pessoa deixa de viver momentos importantes para sua saúde mental e física.
É importante refletir:
– Você colhe frutos de toda a sua dedicação ou do seu trabalho?
– Quais são as suas verdadeiras vontades que não exigem rigidez e dureza, que não exigem grandes lutas para a conquista?
– O que você faz para relaxar? O que você gosta e te faz bem?
– Você coloca os seus desejos como prioridade, ou costuma deixar de lado? Caso a resposta seja “deixo de lado”, pergunte a si mesmo: O que ganho com isso?
A pessoa precisa de uma agenda (com dia e hora marcada) que inclua as atividades saudáveis para si (por exemplo: curso de fotografia, pintura, atividade física, encontro com amigos, …). Ela precisa assumir o compromisso consigo mesma, não faltar e nem deixar para depois esses momentos de prazer pessoal e espiritual.
As suas necessidades devem ser prioridades, mesmo que apareçam problemas e dificuldades, por exemplo: problemas de saúde na família e sobrecarga no trabalho. Dentro do possível, sempre reserve e preserve o seu tempo para relaxar e recarregar as suas energias. Quando a pessoa não consegue encontrar espaço para suas próprias necessidade e vontades, é indicado o acompanhamento com o psicólogo.
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