O mundo da luta exige muita preparação física, mental e cuidados específicos com a alimentação. No UFC, por exemplo, na semana em que o atleta sobe ao octógono, há uma exigência em se manter no peso da categoria, para que o atleta não seja multado ou corra o risco de não poder lutar.
Entre os galos, o carioca Raoni Barcelos, que nocauteou Carlos Huachin no UFC 237, ressalta como tem feito o seu processo de emagrecimento e alfineta alguns colegas de profissão.
+ Leia mais: Lutador toma cotovelada na cara e fica sem a ‘linha de frente’
“Tenho uma dieta normal com acompanhamento de um nutricionista e um médico. Na semana da luta alguns cometem loucuras, outros não, como é o meu caso. Tem quem perca de dez a quinze quilos. Eu prefiro baixar de quatro a cinco quilos para não ter sofrimento.”
Segundo Raoni, o método utilizado para a sua perda de peso é utilizar uma capa, correr e realizar muitos exercícios aeróbicos, para assim suar e perder muito líquido.
Relembre as dificuldades da curitibana Cris Cyborg no corte de peso:
O médico Bruno Menezes explica porque essa desidratação é a maneira utilizada pelos atletas e alerta sobre metodologias adotadas por lutadores.
“Como são atletas de ponta, normalmente possuem um percentual de gordura muito baixo. Por outro lado, possuem muita massa muscular e o músculo é um grande reservatório de água, podendo ser composto por até 80% de água. Por isso os atletas realizam essa desidratação. É uma prática muito perigosa. Já ouvi relatos de lutadores que ficaram horas em banheiras com sal de Epsom e desmaiaram em seguida, e que poderiam ter morrido afogados, caso não houvesse acompanhamento”, disse o profissional.
+ Confira também: Conheça o brasileiro que pode ser campeão do UFC neste fim de semana
Em 2014, Renan Barão, ex-campeão dos galos do UFC, passou esse processo extenuante de corte de peso a ponto de perder a consciência e bater com a cabeça quando tentava sair de uma dessas banheiras, no quarto do hotel. Renan foi levado numa ambulância para o hospital, ainda sem consciência, tendo sua luta pelo título cancelada.
Menezes também relata que atletas passam horas em saunas e ficam dias sem beber água, para alcançarem o limite de peso, o que é muito perigoso para a saúde desses lutadores.
“O perigo está em não apenas perder água, mas também na perda de eletrólitos e sais minerais que são fundamentais para a função cardíaca. Um lutador pode acabar tendo níveis muito baixos de potássio, também conhecido como hipopotassemia, o que pode causar um infarto”, frisou o médico.
Em 2018, o UFC mudou a realização das pesagens, dando 12 horas a mais de recuperação e hidratação até o horário da luta.