Não é fácil ter que entrar no octógono mais famoso do mundo e enfrentar um dos seus ídolos. Foi isso que ocorreu com o parnanguara Júnior “Baby” Albini, 27 anos, em novembro do ano passado. Após ter estreado no UFC de forma avassaladora em julho, o atleta paranaense teve a incumbência de encarar o ex-campeão Andrei Arlovski em seu compromisso seguinte.
Apático no octógono, o peso-pesado não repetiu a sua excelente performance da estreia e acabou sendo superado pelo veterano de 39 anos. “Sendo honesto, faltou experiência para saber lidar com um cara de nome, um atleta consagrado. Isso influenciou bastante. Eu não soube lidar com a adrenalina, com esse sentimento novo de lutar com um cara que eu acompanhava e admirava. Tive que lidar com a pressão externa do evento também. Foi criada muita expectativa, principalmente por estar lutando com uma lenda. Era uma oportunidade de me destacar no evento. Então, faltou mais experiência para lidar com o fator emocional e da luta em si”, disse o paranaense, em entrevista exclusiva à Tribuna do Paraná.
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Passada a primeira derrota no Ultimate, Albini já começa a pensar em seu próximo combate, que acontecerá no dia 12 de maio, pelo UFC 224, no Rio de Janeiro. Como de praxe, o paranaense tem afiado o seu jogo junto à sua equipe em Paranaguá. “A preparação está boa, estou sem lesão, então tudo está sendo realizado da melhor maneira possível. Eu estou tendo bastante tempo para me preparar bem, estou cuidando bastante da minha parte do peso, que acredito que também tenha tido influência na minha última luta contra o Andrei Arlovski. Estou tomando bastante cuidado com tudo isso para ficar pronto na hora certa. Estou com um novo treinador de Muay Thai, o Cleberson Silva, um peso-pesado que tem mais de 50 lutas de Muay Thai, já lutou MMA também… É um cara que tem o know-how para fazer a diferença”, ressaltou Albini.
Se a falta de experiência contou para a sua primeira derrota no UFC, o parnanguara agora terá que encarar outra pedreira. Trata-se do veterano Alexey Oleynik. O russo de 40 anos possui 66 lutas em seu currículo – são 55 vitórias e 11 derrotas. “Realmente meu adversário é um cara muito experiente, tem muitas lutas no cartel. Mas são lutas fora do UFC. O envolvimento lá dentro do UFC é diferente. O fator experiência vai estar do lado dele, mas eu acredito que experiência dentro do UFC é um pouco diferente. Ele já fez muitas lutas duras, é um cara que briga muito, tem muito coração para seguir na luta mesmo cansado e machucado. Acredito que ele saiba lidar bem com essa pressão, é um cara muito aguerrido. Tenho que tomar cuidado com esse fator experiência para não entrar no jogo dele e conseguir impor o meu sem me preocupar com o que ele está fazendo. Meu foco para lidar com essa experiência dele é focar no meu trabalho, no meu estilo de luta e no jogo que preciso impor no dia da luta”, declarou o peso-pesado.
A última luta de Junior Albini também ficou marcada por outro detalhe. O parnanguara foi alvo de memes na internet por conta de seu shorts, que lembrou muito uma grande fralda, virando piada. “O UFC nos dá, além dos shorts, a cueca para você colocar a coquilha. É um tecido um pouco mais liso e, quando eu fiz a prova dos shorts, eu estava perdendo peso e minha coxa estava menor e eu me senti bem. Mas no dia da luta, um pouco antes da luta com o Arlovski, o short ficou mais apertado, e como o tecido debaixo era mais liso, ficava enrolando e travando a minha perna. Então, foi uma maneira que eu vi ali na hora para lidar com isso, Eu não percebi que estava daquele jeito, se tivesse percebido eu ia preferir lutar com ele apertado mesmo. Mas é uma coisa que eu já trabalhei bem, essa mania de ficar mexendo no short. Posso dizer que já foi corrigido e vai ser corrigido lá no UFC também, mesmo que falte um minuto para a luta”, disse.
Considerado um dos principais talentos do MMA paranaense, Júnior Albini ressalta que hoje consegue viver apenas do esporte e comemora o fato de não ter se lesionado neste novo período de sua carreira.
“Hoje eu consigo sustentar a minha família só com a renda do UFC. Lógico que poderia ser melhor, poderia aumentar o patrocínio etc, mas acredito que se eu for consciente, souber usar o dinheiro da forma correta, dá para viver tranquilamente de MMA no estágio em que estou hoje. E a tendência é fazer lutas melhores, renovar contrato, receber um pouco mais. Então, só depende de mim agora. O que atrapalha um atleta que está começando, como é o meu caso, que ainda não tem um salário tão alto, é quando se machuca e fica sem lutar, porque não recebemos por mês e sim por luta. Ficar sem lutar é o que geralmente dá uma quebrada, mas eu tive essa sorte de fazer duas lutas. Estou 100%, inteiro, não tive lesão nenhuma. Agora é conseguir manter um bom ritmo de lutas e seguir na direção certa”, concluiu.