O relógio marcava 15h, no horário de Brasília, do último sábado. O veterano Vitor Belfort ainda vivia a ansiedade por seus últimos passos dentro do octógono. Estava decidido. O Fenômeno iria se aposentar na luta contra Uriah Hall, marcada para o último domingo, em St. Louis, nos Estados Unidos. Iria. O atleta brasileiro foi comunicado que seu rival havia passado mal durante o processo de corte de peso.
Um choque. Um verdadeiro baque para o Fenômeno. Pelas redes sociais, Belfort publicou uma imagem em que aparece coberto por toalhas, com o objetivo de bater o peso de 84kg da sua categoria. ‘Pessoal, dediquei dois meses da minha vida para esse training camp. Passei esse tempo todo longe da minha família e todos sabem como isso é difícil pra mim. Contratei os melhores profissionais que pude, minha equipe se dedicou intensamente mesmo durante as festas de final de ano. Cumpri todas as minhas obrigações na semana da luta, cortei peso e subi na balança com o peso que tenho que bater para lutar. Infelizmente meu oponente teve algum problema durante o corte de peso. Torço para a sua breve recuperação‘, escreveu o carioca.
Seu oponente desmaiou no elevador. Foi levado ao hospital de maca e deixou o hotel gritando, segundo informações do site Combate.com. Uriah Hall não foi a única ausência do UFC St. Louis. Um dia antes, o americano Zak Cummings caiu na banheiro do hotel, quando também tentava perder peso para o duelo contra o brasileiro Thiago Pitbull. O gringo fraturou o crânio e a luta foi cancelada. Uriah Hall e Zak Cummings já estão bem. Mas a pergunta que fica é: por que tantos atletas de MMA sofrem com o corte de peso?
De acordo com o médico Oscar Arturo Adriazola Acha, especialista em eventos de MMA em Curitiba, os atletas não tem ‘perdido peso‘ e sim um processo de ‘desidratação terrivelmente lesivo, grave e com consequências que podem levar até a morte‘. ‘Perder peso é um trabalho conjunto, com uma equipe médica, a médio e longo prazo. A única maneira de coibir a prática da desidratação é fazer a pesagem no mesmo dia da luta‘, destacou o profissional.
Oscar Arturo ainda ressalta que o nível das lutas têm caído por conta da desidratação dos dias anteriores. ‘Quando o atleta desidrata muito, ele tem um rendimento péssimo na luta. No primeiro round ele já fica cansado. Ele fica lento e os braços ficam caídos‘, frisou.
Ex-lutador do UFC e do extinto e atual líder da equipe CM System, de Curitiba, Cristiano Marcello destaca que, pelo MMA ser novo, tem ainda muito profissional que faz besteira. ‘Quanto mais próximo você estiver do seu peso, melhor é. Tem muita gente dando palpite que não conhece o esporte. Na nossa equipe temos a cultura de ter acompanhamento profissional, nós nunca tivemos problemas com a pesagem justamente por isso‘, destaca o treinador.
Para Cristiano Marcello, ainda falta mais profissionalismo no MMA. ‘Tem que estudar mais. A galera tem que procurar ajuda de profissionais. Para trabalhar com um lutador de MMA é totalmente diferente do que outros esportes. Certamente isso irá evoluir e terá uma melhora com o tempo‘, conclui.