Sobrepeso e obesidade: regular a publicidade é uma alternativa

As férias de verão estão chegando ao fim e uma lembrança não sai da minha cabeça: o aumento do número de pessoas com excesso de peso. A maior frequência de sobrepeso e obesidade é alarmante há tempos. Mas, provavelmente, nesse ano, apoiada em pesquisas populacionais sobre o estado nutricional dos brasileiros, me atentei em reparar que crianças, jovens, adultos e idosos, de ambos os sexos, estão em uma perigosa corrida contra a saúde.

Os resultados obtidos em estudo da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica demonstraram crescimento do número de obesos na população do Brasil de 12,1%, em 2007, para 18,5%, em 2014. A frequência de obesidade encontrada se assemelha à obtida no Vigitel 2013, em que foram revelados 17,5% de brasileiros obesos. Falar apenas em prevalência de excesso de peso parece não suscitar vontade coletiva e individual em alterar as estatísticas, visto que os números crescem ano após ano. O fato é que a luta no combate à obesidade é, antes de tudo, política.

O sistema de saúde brasileiro adota como diretriz a prevenção e a recuperação de doenças, bem como, a proteção da saúde. Proteger a saúde! A alimentação é um determinante social de saúde, por isso, quando se fala em sua proteção, fica implícito que a comida apresenta papel importante no surgimento de doenças associadas ou não ao ganho de peso excessivo. As chances de obesos desenvolverem Diabetes Mellitus tipo 2 e doenças cardiovasculares, são superiores comparadas as de pessoas com peso adequado.

Alimentos com quantidade energética alta são facilitadores de ganho de peso e são encontrados, comumente, nas gôndolas de supermercados, em embalagens coloridas, com personagens felizes atraindo a atenção de quem passa. Além disso, a mídia é percussora de publicidade que tende a convencer que os produtos alimentícios fabricados pela indústria, muitos ricos em sal, açúcar e gorduras saturadas, são os melhores para a ingestão, sobretudo, das crianças.

Desse modo, a regulação de publicidade é uma das alternativas para auxiliar na redução da frequência de excesso de peso. Entre o ano 2000 e agosto de 2014, foram pautados 81 projetos de lei que propõe normas para o marketing e a publicidade de alimentos ultraprocessados na Câmara e o Senado Federais. Contudo, as dificuldades para o avanço desses projetos refletem os interesses econômicos contrários à regulação.
Assim, enquanto as leis não entram em vigor, os profissionais da saúde devem fortalecer as campanhas de educação nutricional, para que a população, por vontade e conhecimento, diminua a ingestão de alimentos sem benefícios à saúde, apesar da pressão da indústria de alimentos.