Doping Esportivo: Anderson Silva

A notícia que o lutador de Anderson Silva testou de forma positiva no exame antidoping foi o principal fato nos meios esportivos na semana passada. Apesar de ainda ser necessário o teste de contraprova e julgamento em tribunal desportivo nos Estados Unidos, diversas pessoas em meios de comunicação e redes sociais descrevem as mais diversas opiniões sobre o assunto, desde moralidade até denúncias de que o uso desses recursos é comum no esporte de alto nível.

Doping X Reposição Hormonal

Apesar de as organizações esportivas se mostrarem contra, existe uma diferença muito grande entre doping e reposição hormonal. A grande parte dos desportos de alto rendimento exige bons níveis de força e velocidade, fator que está associado diretamente aos níveis de testosterona (hormônio masculino), que é produzida quase que na sua totalidade pelos testículos (90%), que com o passar dos anos vai perdendo sua capacidade de geração. Após os 30 anos inicia-se a redução dos níveis de testosterona no organismo.

Com isso o atleta, por mais que possua uma técnica extremamente apurada, tem sua performance prejudicada em relação a outros competidores mais novos. A liberação e regulamentação da reposição hormonal poderiam contribuir no aumento da carreira esportiva de atletas talentosos, que encerram suas atividades em função da redução da força e velocidade.

A endocrinologia já recomenda o uso da reposição para a manutenção da massa óssea, massa muscular, perda de interesse sexual e dificuldades de ereção. A barreira entre a reposição hormonal no desporto de alto rendimento está diretamente associada à baixa capacidade das organizações em diferenciarem o tratamento em relação ao doping.

Deveria ser considerado doping quando atletas utilizam esses recursos para obter vantagem em competições, situações em que essas substâncias melhoram o rendimento em relação aos demais, competindo com índices de testosterona acima dos naturais.

Anderson Silva é o maior lutador de MMA de todos os tempos, tecnicamente espetacular e possui recursos que dificilmente serão superados tão cedo. Entretanto, trata-se de um atleta de 39 anos, que retornava de uma lesão gravíssima.

Caso seja confirmado seu teste positivo, tenho certeza que o tratamento com hormônios foi necessário para o retorno às lutas. A reposição hormonal em atletas de alto rendimento deveria ser regulamentada pelos órgãos de organização desportiva. Assim poderíamos assistir a nossos “craques” competindo por mais tempo.
Na próxima coluna, escreverei um pouco mais sobre o uso de esteróides anabolizantes, seus riscos e consequências.