Contra os agrotóxicos e a favor da agroecologia e da saúde

Na última quarta-feira, 3 de dezembro, uma manifestação sobre a utilização de agrotóxicos na produção de alimentos me fez refletir sobre o tema. O “Dia Mundial da Luta Contra os Agrotóxicos” objetiva criar reflexões e ações para reestruturação agrícola mundial e redução da quantidade de herbicidas, fungicidas, inseticidas e fertilizantes químicos empregados nos diferentes cultivares.

O desenvolvimento de sementes selecionadas para responder a aplicações de adubos químicos e agrotóxicos em sistemas de monoculturas altamente mecanizados ocorre desde a “Revolução Verde”. Nomear de “Verde” o fortalecimento e incentivo à destruição da biodiversidade e desequilíbrio do ambiente natural é, no mínimo, contraditório. Porém, os produtos dessa revolução fomentam e, ao mesmo tempo, são mantidos pelo agronegócio. O agronegócio domina a agricultura brasileira e utiliza grandes extensões de terra para cultivo de uma única espécie, vincula-se e depende de empresas detentoras de tecnologia para desenvolvimento de agrotóxicos e sementes, sobretudo, transgênicas, não fornece alimentos variados para alimentação humana e gera desempregos no campo.

O Brasil é o maior mercado mundial de agrotóxicos e as culturas agrícolas mais afetadas são: soja, milho, cana-de-açúcar, batata, arroz, feijão e tomate. Alguns alimentos apresentam quantidade de agrotóxico residual acima do permitido ou não autorizados pelas agências reguladoras, como pimentão, morango, pepino, alface, cenoura, abacaxi e couve. A exposição e a ingestão crônica de agrotóxicos têm se mostrado deletérias para a saúde. Elas são associadas ao surgimento de doenças, como o câncer.

A pergunta que se faz é: “Será imprescindível a manutenção do agronegócio e a utilização de agrotóxicos para produção de alimentos em quantidade suficiente para toda a população?”. A ideia de que a comida que nos alimenta só pode ser produzida por meio desse sistema é errada. A alternativa segura para o meio ambiente e a saúde é a agroecologia.

A agroecologia organiza a produção agrícola de modo sustentável, favorecendo à biodiversidade, o equilíbrio da natureza, o cultivo de alimentos orgânicos, ou seja, sem agrotóxicos, fertilizantes sintéticos e sementes transgênicas, e a dignidade para camponeses e camponesas. E você? O que faz para fortalecer a agroecologia? Um bom começo é adquirir seus alimentos em feiras de agricultores familiares. É uma pequena parte de um todo muito maior!

Por Rubia Daniela Thleme