No toma lá, dá cá da campanha eleitoral, tem candidato que assina embaixo até de seu próprio atestado de incompetência, o que acontece demais da conta. Sendo que a ordem do dia é administrar duas cidades distintas – o Centro e o Bairro -, para simplificar o zoneamento a prefeitura deveria criar dois distritos especiais, com o propósito de cumprir as promessas de inclusão social: a classe D viria para o Batel e os bacanas da classe A seriam alojados nos condomínios de luxo da periferia.
Para o ordenamento dos bares e restaurantes, o zoneamento ficaria assim: polenta com galinha em Santa Felicidade; frutos do mar na Rua Mateus Leme; costela e cupim na Avenida das Torres; bares e cantinas na Rua Itupava (sob jurisdição do Delio Canabrava); pernil com queijo na Rua das Flores; chope com batata frita no Largo da Ordem; bucho à milanesa no Bacacheri; e X-Picanha só no Waldo.
Quase na mesma faixa de serviços, os motéis seriam todos deslocados para a saída ou chegada das praias: como está escrito sobre os efeitos do sal na pele, os romanos chamavam o homem apaixonado de Salax, em estado salgado, e daí deriva a palavra “salaz”: impudico, luxurioso, libertino, devasso. Nos Pirineus, os noivos iam à igreja levando Sal no bolso esquerdo para prevenir-se contra a impotência. Em algumas partes da França, somente o noivo carregava Sal; em outras, somente a noiva. Na Alemanha, era comum salpicar os sapatos da noiva. Em compensação, muitos sacerdotes abstinham-se de Sal porque este excitava o desejo sexual.
Por certo muitos iriam dizer que o novo Plano Diretor seria uma verdadeira zona. Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa: não vamos confundir zona com zoneamento. Quando Getúlio Vargas visitava Curitiba só para se divertir na famosa Zona da Otília, a cidade era dividida em várias zonas: a Zona do Quatro Bicos; a Zona da Uda; a Zona da Albertina; a Zona da Ávila (que era prima do Jânio Quadros); a Zona da Dinorá; a Zona do Burro Brabo; a Zona da Maria Bigoduda, a Zona da Maria Sem Calça e a Zona da Maria Batalhão.
Depois é que inventaram esse tal de zoneamento, quando todas as zonas da cidade foram concentradas na Zona do Parolin. E, assim, deu no que deu. Conforme a cara do freguês, em certos casos o Plano Diretor é uma verdadeira casa de tolerância.
Simples assim, o novo zoneamento reservaria o Alto da Glória para os coxas, a Água Verde para os atleticanos e o pátio da estação rodoferroviária estaria de bom tamanho para os paranistas. Por exigência da FIFA, na zona da Arena da Baixada todas as edificações teriam o potencial construtivo liberado para pagar as contas do Mario Celso Petraglia.